Onde se queimam livros um dia acaba por se queimar pessoas. Algo parecido falou Henrich Heine (1797-1856), num claro alerta para o que quase um século depois aconteceria em sua Alemanha, quando os nazistas queimaram livros e depois pessoas. E aonde se joga biblioteca no lixo? Acaba-se por também dar o mesmo tratamento de imprestável aos seres humanos?
Num país, que se taxa como em desenvolvimento e proclama tanta disposição em acabar com a miséria, ainda há quem prefira jogar no lixo, sem sequer doar a bibliotecas comunitárias livros que estavam com “a velha ortografia”. E agora o acervo, em dia com a ortografia, enfeita as prateleiras de uma tradicional escola pública em Maricá, enquanto centenas de volumes, ainda em condições de ajudar muito leitor, foram condenados e despachados por estarem escritos dentro do “velho” acordo ortográfico. Apesar de pedidos de alunos e de professores, a higienização na biblioteca foi decretada com a eliminação dos “velhos” volumes.
A limpeza da modernidade, do desenvolvimento, decreta que os livros, com a velha ortografia, devem ser condenados aos quintos do inferno, no país em que milhares de pessoas não têm com que comprar livro mesmo a R$ 1.
Condenável a atitude de quem ordenou, do alto da sua sapiência pedagógica, essa destruição. E mais lamentável ainda que ocorra no mesmo colégio que lançou recentemente um informativo que dedica um dos seus artigos à leitura.
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