As aventuras desde opúsculo começam na primeira ida à livraria, quando é abandonado no fundo de um depósito. Os encontros noturnos com os companheiros levam a conversas intrigantes. É o momento em que, pelo jogo das proximidades, Ana Karênina encontra San-Antonio, que papeia com um dicionário de citações que faz a corte a Virginia Woolf, ou, o “Crime e Castigo” de Dostoievski, em que o livro declara: “Só matei um piolho, Sonia um piolho inútil e nocivo” ou discussão entre Mauriac, Malraux, Malherbe, Marx e Maquiavel. As aventuras continuam protegendo uma leitora estendida na praia do sol de verão, embarcando para a África, acompanhando um mendigo sob as pontes de Paris, em posição de sentido na biblioteca de Nevers, até chegar à velhice e ao fim.
segunda-feira, junho 20
Livro viajante e aventureiro
Todos carregamos em nossa existência esses velhos companheiros. Tem-se quase a impressão de que se agarraram, que se grudaram a nós. Livros da infância que acreditávamos perdidos de vez e que estavam escondidos ali, sempre presentes, sempre fiéis, com a tinta um pouco mais desbotada, o papel amarelado. Cada dobra que apresentam corresponde a uma de nossas rugas. Eis a história de um deles em “Leve-me com você - As aventuras de um livro viajante” (R$ 44, Octavo), de Paul Desalmand, que nasce com 230 gramas e viu a luz na gráfica de La Manutention, às 16h37m do dia 17 de junho de 1983.
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