A criação de um Plano Nacional de Leitura – o nosso PNL, mas também muitos outros espalhados pelo mundo (lembro-me, por exemplo, de un Plan de Lectura na Argentina) – é fundamental, antes de mais, para que todos os alunos, venham de onde vierem, possam aceder ao livro em igualdade de oportunidades. Isso, para mim, é o mais importante, pois todos sabemos que há famílias que não têm um único livro em casa e que, se não for a escola a disponibilizá-los, muitas crianças não poderão ler livros e experimentar o prazer da leitura. Claro que o aconselhamento de certas obras para determinado grau de ensino ou idade é interessante, mas não deve ser tomado como um espartilho: não há ninguém que conheça melhor o nível intelectual ou os hábitos de leitura de uma turma como o seu próprio professor e, assim sendo, a lista de recomendações de um Plano de Leitura (cá, lá e em toda a parte) deveria ser apenas um guia de sugestões. Muitas vezes, porém, não é. E porquê? Pois, agora vou chegar à parte difícil. É que há mesmo muitos professores que não lêem absolutamente nada e, quando têm de propor a leitura de uma obra aos seus alunos, imediatamente consultam a lista pois não saberiam de outro modo o que aconselhar. Li um artigo sobre o assunto, em que uma coordenadora de leitura, no Brasil, foi a uma escola em que os professores não tinham a mínima ideia de como motivar os alunos para a leitura; e, quando ela lhes pediu que trouxessem um livro de que tivessem gostado e falassem dele, bem… percebeu que não tinham lido nenhum livro nos últimos dois anos. Será que os Planos de Leitura de todo o mundo não deveriam também sugerir obras a professores?
Nenhum comentário:
Postar um comentário