No futuro, a obra literária será apresentada sob forma de essências em frasquinhos ou de alguma especial eletricidade acumulada em bobinas. Sorvendo a essência ou pondo-se em contato com o fluido, o leitor terá, desdobrado na tela da imaginação, o romance que o autor enfrascou ou acumulou, e sentirá as mesmas emoções que o romancista sentiu.
Já em nossos tempos ao álcool, o ópio e outras drogas produzem visões e deliciosos estados d'alma. Indeterminados, porém, sem controle possível. No futuro, não. A seriação das imagens será perfeitamente ordenada pelo jogo dos estímulos..
Não se dirá cmo hoje: li um romance e sim - cheirei.
- Marieta, onde pôs você o Professor Jeremias que estive cheirando ontem?
- Caiu das mãos da Valéria e quebrou-se.
- Mande à farmácia comprar outro. E mais uns novos, Vida Ociosa, Condenados, por exemplo.
- Fluido ou comprimido?
- Em comprimidos. Com estas cridas, impossível uma biblioteca fluida...
Monteiro Lobato
Nenhum comentário:
Postar um comentário