Dizia-se que não era um homem de temperamento expansivo, como o irmão, o consagrado romancista Jorge Amado. Embora soubesse que estivesse 000mal de saúde, fiquei sem graça quando soube que teve uma morte em casa, vítima de falência múltipla dos órgãos. Foi em Salvador, num dia de domingo. Também escritor, pesquisador e romancista, esse irmão caçula de Jorge Amado. .
Segundo Paloma, sobrinha de James, aquele domingo de cores cinzentas foi de dor e saudade.
— Estou completamente destroçada. Meu pensamento está todo voltado para minha tia Luíza, mulher formidável, e para meus queridos Janaína, Inaê, Maurício e Fernanda, mais que primos, irmãos muito amados.
Terceiro e último filho de João Amado de Faria e Eulália Leal Amado, desbravadores da Região Cacaueira Baiana, na época da conquista da terra, James Amado nasceu em Ilhéus, em 1922. Era o último irmão vivo de Jorge Amado. Membro da Academia de Letras da Bahia desde 1990, ocupando na tradicional instituição a cadeira de número 27, cujo patrono é Francisco Rodrigues da Silva e que antes de James foi ocupada pelo jornalista Antonio Loureiro.
Como ficcionista, escreveu apenas o romance Chamado do Mar e o conto “A Sentinela”, incluso nas antologias Panorama do Conto Baiano e Histórias da Bahia. Com produção pequena, James teria condições de permanecer no panorama da literatura contemporânea brasileira, constituída de autores com legado extenso na escrita de boas qualidades? Ressalte-se que o português Antonio Nobre escreveu apenas Só e Augusto dos Anjos o Eu, até hoje os dois poetas ganham leitores e novos analistas de um legado pequeno, mas expressivo. Manuel Antonio de Almeida foi outro que escreveu apenas Memórias de Um Sargento de Milícias, obra-prima do romance picaresco.
Chamado do Mar tem como cenário o Pontal dos Ilhéus, no Sul da Bahia, armado com o conhecimento de sua geografia exterior pelo autor para a exibição de conflitos interiores e sociais vividos por pescadores numa colônia de pesca. Um dos romances mais vigorosos da ficção brasileira no século XX tem como motivação o mar e sua gente. É narrado com a técnica moderna dos ficcionistas norte-americanos, daqueles que trouxeram para a estrutura do romance após a Segunda Guerra Mundial o uso do contraponto e do tempo desmembrado em fragmentos para expor situações livres da sequência linear, com base nos acontecimentos extraordinários pontuando a narrativa. Trata-se de um romance com intenso cheiro de maresia. Toca nas feridas sociais, e sua técnica moderna de desenvolver o tema guarda até hoje o segredo da perene atualidade.
Casado três vezes, suas esposas foram Jacinta Passos, Gisela Magalhães e Luiza Ramos, filha do escritor Graciliano Ramos. Deixou quatro filhos: Janaína, Inaê, Maurício e Fernanda. Certa vez, ele disse ao poeta Florisvaldo Mattos:
– Somos da mesma região e temos tradição de luta e esforço pelas causas sociais.
Florisvaldo Mattos lembra:
– Ele era uma criatura afetuosa e solidária. Toda semana, nós nos encontrávamos na “Ceasinha”, nas quintas do Edinho, para conversar.
Da última vez que passou por minha terra natal, mandou um recado pelo poeta Telmo Padilha que queria me conhecer. No Lord Hotel, onde estava hospedado, perguntou-me durante o almoço como eu ia na minha produção literária. Na conversa que mantivemos animada, incentivou-me na difícil e prazerosa travessia das letras. Adiantou que iria recomendar-me ao editor Jorge Calmon, assim que voltasse a Salvador, para que meus textos fossem publicados no jornal “A Tarde” .
Isso de fato aconteceu. Durante alguns anos publiquei artigos de opinião no primeiro caderno e crônicas na seção “Ultra Leve” do valoroso jornal nordestino. James Amado prefaciou meu primeiro livro de crônicas. Era um solidário companheiro das letras.
Casado três vezes, suas esposas foram Jacinta Passos, Gisela Magalhães e Luiza Ramos, filha do escritor Graciliano Ramos. Deixou quatro filhos: Janaína, Inaê, Maurício e Fernanda. Certa vez, ele disse ao poeta Florisvaldo Mattos:
– Somos da mesma região e temos tradição de luta e esforço pelas causas sociais.
Florisvaldo Mattos lembra:
– Ele era uma criatura afetuosa e solidária. Toda semana, nós nos encontrávamos na “Ceasinha”, nas quintas do Edinho, para conversar.
Da última vez que passou por minha terra natal, mandou um recado pelo poeta Telmo Padilha que queria me conhecer. No Lord Hotel, onde estava hospedado, perguntou-me durante o almoço como eu ia na minha produção literária. Na conversa que mantivemos animada, incentivou-me na difícil e prazerosa travessia das letras. Adiantou que iria recomendar-me ao editor Jorge Calmon, assim que voltasse a Salvador, para que meus textos fossem publicados no jornal “A Tarde” .
Isso de fato aconteceu. Durante alguns anos publiquei artigos de opinião no primeiro caderno e crônicas na seção “Ultra Leve” do valoroso jornal nordestino. James Amado prefaciou meu primeiro livro de crônicas. Era um solidário companheiro das letras.
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