Mais da metade de um arquivo de 27 mil páginas referentes ao escritor colombiano Gabriel Garcia Márquez foi liberada para uso público gratuito, informou o jornal The New York Times. O material em questão envolve diversos manuscritos, fotografias, roteiros e cartas, além de 22 cadernos de anotações pessoais e de memórias do prêmio Nobel de Literatura, tudo disponível em inglês e espanhol.
"Muitas vezes, tem-se uma visão limitada da propriedade intelectual, com a ideia de que o uso acadêmico ameaça ou diminui seu interesse comercial", disse ao jornal Steve Enniss, diretor do Harry Ransom Center.
"Agradecemos a família de Gabo por liberar o arquivo e reconhecer esse trabalho como uma prestação de serviço a seus leitores em todo o mundo", acrescentou, usando o popular apelido pelo qual Garcia Márquez é conhecido.
Desde 2015, quando foi aberto para pesquisas, o arquivo do escritor colombiano se tornou uma das coleções mais circuladas da instituição, um fenômeno que agora deverá se expandir ainda mais.
"Qualquer pessoa com acesso à internet pode ter uma visão aprofundada do arquivo de García Márquez", disse Jullianne Ballou, bibliotecária do projeto Ransom Center. "Abrangendo mais de meio século, o conteúdo reflete a energia e a disciplina de García Márquez e revela uma visão íntima de seu trabalho, família, amizades e política."
O escritor alcançou renome internacional graças ao uso do chamado "realismo mágico”, especialmente em romances aclamados como 100 anos de solidão e O amor nos tempos de cólera. Após sua morte em 2014, ele chegou a ser descrito pelo presidente Juan Manuel Santos como o "maior colombiano que já viveu".
Garcia Márquez começou a carreira de escritor como jornalista e não teve medo de tecer críticas tanto contra políticos colombianos como contra estrangeiros. Um crítico ardente do capitalismo desenfreado, também se opôs ao que ele apontou ao longo de sua vida como um imperialismo arrebatador por parte do governo dos Estados Unidos.
Seus laços com o partido comunista da Colômbia foram inclusive motivo para que ele fosse proibido de entrar nos EUA por três décadas. Ironicamente, Garcia Márquez é o romancista favorito do ex-presidente americano Bill Clinton, que uma vez o chamou de "o mais importante escritor de ficção em qualquer idioma desde a morte de William Faulkner".
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