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avenidas e flores
flores
flores e mulheres
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avenidas e mulheres
avenidas e flores e mulheres e
um admirador
Estamos passando por um momento difícil, em que nos vemos em meio a uma conversa extremamente necessária e importante, que começou tarde. Mas não tarde demais. E é por ser uma conversa tão importante e tão tardia, a que discute finalmente a misoginia e a violência contra a mulher em nossa sociedade, que me parece muito importante saber onde concentrar nossas energias. E que erros evitar.
Estamos vendo no Brasil uma onda de boicotes e conversas muito pouco civis, ainda que pareçam cheias de fervor republicano e cidadão. Exposições fechadas por supostas apologias a atos criminosos, boicotes a palestras tanto à direita quanto à esquerda. Este talvez seja um assunto pesado demais para uma coluna sobre literatura. Mas trata-se, afinal, de um poema. Por ter visto o meu desejo criminalizado por tanto tempo, não tenho a menor vontade de criminalizar o desejo de outros.
Não sei se a você, querido leitor, este poema soa sexista. Não há nele, certamente, qualquer violência ou apologia à violência. Não sei mais onde traçaremos a linha da liberdade de expressão e liberdade artística se todos, dentro de uma comunidade, começarem a tentar fazer desaparecer os discursos que desagradam à sua visão de mundo, sem que haja qualquer desvio constitucional em tais discursos.
Ricardo Domeneck
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