sexta-feira, novembro 2

Soneto do Café Lamas

No Largo do Machado a pedida era o “Lamas”
Para uma boa média e uma “canoa” torrada
E onde à noite cumpria ir tomar umas brahmas
E apanhar uma zinha ou entrar numa porrada.


Bebendo, na tenção de putas e madamas
Batidas de limão até de madrugada
Difícil era prever se o epílogo das tramas
Seria algum michê ou alguma garrafada.

E em meio a cafetões concertando tramoias
Estudantes de porre e mulatas bonitas
Sem saber se ir dormir ou ir na Lili das Joias

Ordenar, a cavalo, um bom filé com fritas
E ao romper da manhã, não tendo mais aonde
Morrer de solidão no reboque de um bonde.

Vinicius de Moraes

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