quinta-feira, abril 17

Gabo e os livros


Gabriel García Márquez (1927/2014), morto hoje na Cidade do México, sempre teve uma relação muito intensa com os livros. Lembrou mesmo em “Viver para contar” que durante sua fase de pobreza em Cartagena, no início da carreira, o que mais o salvava de pensar na situação era sua voracidade de leitura. E os livros tiveram sempre presença em suas histórias.

Numa biblioteca

“O interior da casa, iluminado por duas janelas que davam para o mar alto, estava arrumado com um preciosismo minuciosos de solteirão. Em todo o ambiente recendia uma fragrância de bálsamos que levava a crer na eficácia da medicina. Havia uma escrivaninha em ordem e uma cristaleira cheia de frascos de porcelana com rótulos em latim. Relegada a um canto, estava a harpa medieval coberta de uma poeira dourada. O mais notável eram os livros, muitos em latim, com lombadas intrigantes. Havia-os em armários de vidro e em estantes abertas, ou postos no chão com muito cuidado, e o médico caminhava pelos desfiladeiros de papel com a ligeireza de um rinoceronte entre rosas. O marquês estava assombrado com a quantidade.
- Tudo o que se sabe deve estar nesta sala – disse
- Os livros não servem para nada – disse Abrenuncio de bom humor".
(Trecho de “Do amor e outros demônios”)



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