Imagino que seja uma grande alegria para qualquer escritor alcançar o aplauso da crítica, prémios e o reconhecimento do público com a sua obra de estreia. Porém, ao mesmo tempo, deve ser absolutamente aterrador para um autor que acabou de começar criar expectativas demasiado altas nos leitores em relação ao que virá a seguir. Conheço até alguns casos em que o livro de estreia acabou por ser filho único – ou passaram muitos anos até que esse escritor se atrevesse de novo a publicar. Hoje, as coisas são, ainda por cima, mais complicadas, porque, se um escritor tem muito sucesso e notoriedade com um primeiro romance, logo lhe exigem que publique outro a correr – o que nem sempre (ou quase nunca) dá bons resultados. Mas, segundo leio no The Guardian, a história da literatura está cheia de segundos romances excepcionais, muitos dos quais, no conjunto da obra, foram considerados os melhores ou mais populares daquele autor. Desde logo, Orgulho e Preconceito, de Jane Austen, ou Ulisses, de Joyce; mas também Tristram Shandy, de Laurence Sterne, ou Cem Anos de Solidão, de García Márquez, que são de facto os mais emblemáticos nas obras dos respectivos escritores. Eu acrescentaria, por exemplo, A Piada Infinita, de David Foster Wallace, Fahrenheit 451, de Ray Bradbury, Os Filhos da Meia-Noite, de Salman Rushdie, e Margarita e o Mestre, de Bulgakov. À segunda, é de vez.
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