terça-feira, setembro 5

O relógio

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Aqui, neste salão também, estava ele… o imenso relógio de ébano, com o balançar triste, preguiçoso, monótono de seu pêndulo; e… ao bater da hora, saía de seus pulmões de bronze o som claro e alto, profundo e extraordinariamente musical, de melodia e relevo tão peculiares que, a cada intervalo de hora, os músicos da orquestra eram obrigados a parar para dar atenção ao som; e os dançarinos forçosamente cessavam suas evoluções, dando lugar a uma breve inquietação do alegre grupo; e, enquanto os carrilhões do relógio ainda tocavam, a falta de seriedade esvanecia, e os mais velhos e serenos levavam a mão à fronte como que num confuso devaneio ou meditação.


Mas, ao cessar dos suaves ecos musicais, a assembleia impregnava-se de risos leves… e (eles) sorriam do seu nervosismo... sussurravam juras de que o tocar do próximo carrilhão não lhes provocaria emoção semelhante; e então, depois do intervalo dos sessenta minutos... um outro tocar de carrilhão do relógio, seguido da mesma inquietação, agitação e meditação de antes. Mas, apesar de tudo, aquilo era um alegre e esplêndido festim…
Edgar Allan Poe, “A máscara da morte rubra”

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