Sim, uma estante cheia, como as várias que eu tinha, é bonito, aconchegante, uma bela decoração, símbolo de status cultural, mostra a sua história através do que você leu — e do que não leu. Mas muita gente ainda pode lê-los e se divertir, se emocionar e aprender com eles, como eu.
Há três anos, com as estantes de dois quartos lotadas, comecei a passar adiante os livros que lia e gostava para quem gosto e que goste de ler, parei a acumulação e comecei a circulação.
E fiz o mesmo com os CDs, depois de gravar no meu laptop o que gosto e saber que tudo está disponível no Spotify, no YouTube, no Vimeo...
Depois, doei ao Museu da Imagem e do Som (MIS) uns 700 livros sobre música e cinema brasileiros que vinha acumulando nos últimos 50 anos, quase todos já lidos. Aproveitei e doei todos os meus CDs e LPs de música brasileira, fiquei só com uns poucos autografados ou de valor afetivo. No MIS poderão ser muito mais úteis do que em minha casa.
E se precisar de algum livro para um trabalho, peço emprestado ao MIS.
Olhando o espaço vazio nas estantes, pensei: e por que não dar todos os outros livros, romances, ensaios, biografias, história, poesia, bons e ruins, que li e que não li, que ganhei, que nunca vou ler?
Pois é, não estão fazendo a menor falta. Pelo contrário, a casa ficou mais leve e espaçosa e fico mais feliz sabendo que eles vão ser lidos e ouvidos por muita gente que não poderia desfrutá-los.
Não se trata de “desprendimento” ou “generosidade”. É apenas um exercício de desapego, em meu próprio benefício, para meu bem-estar.
Não perdi nada, ganhei dois quartos em minha casa para melhor uso.
Pense nisso, é uma prova de amor pelos livros e discos. E pela tecnologia.
Mas novos livros e CDs não param de chegar.
Nelson Motta
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