Conselhos escusados
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Elliott Erwitt. (1950) |
Se há coisa que me enerva é ver nos hipermercados meninos e meninas agarrados a livros e os pais a puxarem-nos dali para foram perguntando para que querem eles «aquilo»? Não gosto de me meter na educação alheia, mas lá que dá vontade de dizer alguma coisa e de mostrar que «aquilo» pode fazer toda a diferença, lá isso dá. O problema é que estes pais que não lêem não são os únicos a afastar as pessoas dos livros. Num artigo do suplemento de Economia de um jornal lisboeta em que se falava basicamente de como poupar dinheiro, o autor avançava com várias medidas (sete, ao todo) e, de forma bastante infeliz, na que tinha o número 4, dizia que não devíamos comprar livros… Assim, com todas as letras escarrapachadas. E porquê? Segundo ele, porque, depois de lidos, os livros não servem para nada (ele não consulta nem relê, está visto). Sob o ponto de vista puramente económico, claro que os livros – salvaguardadas as excepções – raramente se revendem e não valorizam com o tempo. Mas dizer preto no branco às pessoas que querem poupar que não comprem livros é uma afronta. Eu dir-lhes-ia que comprassem menos roupa, ou andassem mais a pé para poupar gasolina, por exemplo; até poderia dizer-lhes que a versão digital de um livro custa menos que o livro em papel, mas escrever que não devemos comprar livros é igual a levar os filhos da secção de livros do hipermercado para a peixaria – anda e larga «isso», que não serve para nada! Uma lástima.
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