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A última moda acaba de chegar: poemas concretos movidos a energia solar.
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Um haicai não se procura. Um haicai se recebe de joelhos, como se deve fazer sempre que os deuses, embora não mereçamos, resolvem nos presentear.
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Abra só meio sorriso. Ou nenhum, se não for preciso.
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Enfeitei tanto minha poesia que já na primeira esquina buzinaram para ela e perguntaram quanto era.
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Saudável tempo o das musas amplas e sólidas, cujos seios podiam, sem exagero e com afeto, ser chamados de peitões.
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O tempo flui. mas que importa? Por um ardil da memória, aquela manhã de glória morreu, mas não está morta.
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Não há mais tempo para modernismos na poesia. Até os manifestos já nascem tão velhos quanto os princípios que pretendem derrubar.
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Os chocalhos concretistas revelaram-se bem mais eficazes que as cantigas românticas para fazer dormir bebês de seis a vinte e quatro meses.
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Era um desses poetas venturosos que, todo ano, já no primeiro dia, a primavera vai buscar em casa.
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Concretistas não fazem odes. Se fizessem, seria para exaltar o colosso de Rhodes.
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Como sou vil. Tantos querendo salvar o Brasil, e eu aqui fazendo versos.
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Conurbação é o nome dado às relações entre cidades, quando passam da intimidade à promiscuidade.
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Enquanto o vento derruba tudo, buscando epopeias, a brisa finge estar morta, para não espantar os haicais.
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Depois que se descobriu concretista, o galo não sobe mais no poleiro, com medo de cair e se quebrar.
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Raul Drewnick
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