O último general acabou quando morreu o último alfaiate.
Houve uma, duas, três, quatro, cinco mil festas campais. As pessoas ocuparam as praças trazendo no coração e no rosto alegrias, risos, alegrias.
Perguntaram: "Mataremos os sapateiros também? Verdade, andaremos descalços. Mas preferível sangrarmos os pés do que haver sapateiros para talhar e coser as botas deles".
Sepultado o último alfaiate, sumiram os generais. Os coronéis. Majores. Capitães. Tenentes. Sargentos. Cabos. Soldados.
Festas alastraram-se de rua em rua, de cidade em cidade. O alívio tornou o país leve, calmo.
Pelo sim, pelo não, mataram-se todos os filhos e os filhos dos filhos dos alfaiates.
Claro, foi preciso matar os alfaiates. Todos. Sem alfaiates como poderiam os generais ter as fardas costuradas e bordadas? General só é general, de dólmã, quepe, arrogância e botas.
Haroldo Maranhão, "A Respiração das Palavras"
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