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Na noite em que o fantasma, de cachimbo e bonitão, apareceu para ela na sala e sorriu, Jurema teve vontade de chorar: por que não tinha aprendido a falar inglês? Estava imaginando se o fantasma se chamava James ou Lawrence, quando ele tirou o cachimbo da boca e perguntou: oi, meu doce, tudo bem?
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Era um fantasma objetivo. Logo no primeiro dia fez um acerto com o casal de idosos dono do apartamento e se instalou no quarto da empregada pelo tempo necessário para seduzi-la, engravidá-la e desaparecer.
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Era um fantasma bissexto, que mais sumia do que aparecia.
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Uma noite, entrou no quarto um fantasma de cachimbo e ceroula que parecia saído de uma comediazinha de circo e fez três perguntas a Ismênia: se ali era Londres, se Winston Churchill estava por lá e onde ficava o banheiro.
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Ele não chegou a dizer seu nome. Foi um fantasma respeitador, pelo menos no início. Mais ou menos na terceira semana, quando começou a chegar só de manhã, tocando sanfona, fui obrigado a dizer que nunca mais aparecesse. Minha mulher e eu, quando lembramos dele, o chamamos de “aquele lá do baião”.
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A viúva Seixas dizia que o fantasma que começou a visitá-la nas noites de sexta-feira era semelhante ao finado marido, com duas notáveis inovações: tinha as mãos frias e falava inglês.
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Era um fantasma comunicativo. Ficou na casa um mês e quando foi embora até o papagaio falava inglês.
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Uma das vantagens de um fantasma inglês é que ele nunca vai nos chegar bêbedo em casa cantando um sucesso do sertanejo universitário.
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