“Não existe nada mais parecido com um homem do que um livro.
Com um homem ou com uma mulher. Porque os livros têm sexo. Encontrei livros
masculinos, livros femininos, livros neutros. Bem ou mal encadernados, entes e
livros carregam destino igual. Só que as nossas traças e os nossos cupins
exageram a rapidez. Há livros felizes. Há livros infelizes. Todo livro é um
milagre. Mesmo o livro que não presta. Começou dando prazer a quem o realizou,
prazer de ilusão, o melhor; e a quem o lê, dá a ventura de se julgar superior,
ventura que não é séria, mas é tão agradável! O livro é o milhão dos pobres. É
a certeza dos impossíveis desesperados. É o Pedro Álvares Cabral das terras
desconhecidas, descobertas por acaso. É o mundo debaixo dos nossos olhos. Pelo
livro podemos viajar em torno de um quarto e ir até aos planetas suspeitos de
rivalidade. Vemos obras-primas de museus e exposições, sentados em casa. Vamos à guerra
de pijama. Assistimos em
Nova Iorque e em Tóquio, a comédias dolorosas, a dramas
engraçados, a óperas adormecentes. Olhamos bailados. Ouvimos canções. Pelo
livro entramos nos circos universais e os palhaços fazem cabriolas, saltam,
gritam coisas diante de nós, que nunca tínhamos rido tanto... Abençoados os que
fazem livros! São eles que inventam a vida. São eles que mudam os figurinos da
vida”.
Texto "Abençoados", no livro "O dia nos Olhos", de Álvaro Maria da Soledade Pinto da Fonseca Velhinho Rodrigues Moreira da Silva (1888/1964), conhecido por Álvaro Moreyra, escritor, poeta e teatrólogo
quarta-feira, abril 30
Você sabia?
Por ano, estima-se que sejam editados no mundo mais de 1
milhão de novos títulos e cerca de 3 milhões de inéditos ficam por publicar. Um
leitor razoável apenas lerá, em toda a sua vida, 0,1% desse número.
terça-feira, abril 29
Por mais bibliotecas
Apesar de prioridade nacional, o cumprimento da Lei 12.244/10, sancionada em
março de 2010, ainda está longe de ser efetivado. A legislação, que garante que
todas as instituições de ensino do país, públicas e privadas, deverão ter
biblioteca no máximo até 2020, continua aquém da realidade, uma vez que seria
necessário que se abrissem 20 unidades por dia. Nem mesmo a campanha Eu Quero
Minha Biblioteca está motivando as adesões para pressionar a efetivação da lei.
Até o momento mobilizou apenas pouco mais de 4.400 pessoas, 2.787 instituições
e 1.539 municípios.
O Instituto Ecofuturo está relançando a campanha que tem
apoio Academia Brasileira de Letras, da Fundação Nacional do Livro Infantil e
Juvenil (FNLIJ), do Movimento Brasil Literário, do Movimento Todos Pela
Educação, do Instituto Ayrton Senna, do Instituto C&A, do ICE Brasil, do
Conselho Federal de Biblioteconomia e da Rede Marista de Solidariedade.
No site, o Ecofuturo lista os bons motivos para se ter uma
biblioteca na escola: é o principal meio de acesso gratuito ao livro de
literatura; é grande amiga do projeto pedagógico da escola; causa impacto
positivo no rendimento escolar; aumenta o nível de proficiência em leitura;
fortalece a habilidade de escrita e argumentação; proporciona a leitura de
literatura, favorecendo o desenvolvimento de competências atitudinais, como
aprender a aprender, cooperação, solidariedade, cuidado, tolerância e
criatividade; incrementa a capacidade de análise crítica; e muitas outras.
Um abril para não esquecer
O golpe civil-militar que instalou a ditadura no dia 1º de
abril de 1964 teve profundas repercussões na indústria editorial brasileira. Em
vários níveis. A mais evidente e comentada foi a censura a livros, e os ataques
a algumas editoras, com a prisão dos seus responsáveis. O mais conhecido desses
é o caso da Civilização Brasileira. Ênio Silveira era ligado ao PCB. Mas sempre
atuou com uma independência intelectual admirável, e editou muitos livros que
seriam abominados pelo partidão. Pagou caro por isso, com a bomba que foi
jogada na sede da editora e da livraria, na Rua Sete de Setembro, no Rio de
Janeiro, o incêndio do depósito e o estrangulamento do crédito. A Civilização
Brasileira é um exemplo paradigmático da resistência dos editores. Não foi a
única, mas a verdade é que a censura violenta contra a Civilização Brasileira
deixou muitos e muitos editores em estado de “auto-censura”, com raras
exceções.
É bom lembrar que o maior volume de livros censurados o foi
por conta da “moral e dos bons costumes”. Nesse sentido, o caso do Rubem
Fonseca é paradigmático. O autor fez parte do grupo civil que deu respaldo
“intelectual” ao golpe de 1964, no IPES fundado e dirigido pelo general Golbery
do Couto e Silva, o fundador do SNI. Era advogado da Light e suas credenciais
de direitistas sempre foram impecáveis. Mas, excelente escritor que é, Rubem
Fonseca mostrou um retrato cáustico da burguesia carioca, em particular em
alguns contos do Feliz ano novo. A reação foi fulminante, e o livro foi
fazer companhia aos escritos por Adelaide Carraro e Cassandra Rios.
Leia na íntegra o artigo de Felipe Lindoso, jornalista, tradutor, editor e consultor de políticas públicas
para o livro e leitura
Comemoração especial
A Reading Agency comemorou o Dia Internacional do Livro (dia
23) com a iniciativa de distribuir 250 mil livros num único dia para tentar
atingir parte dos 35,2% da população britânica que revelou que não lê por
prazer. A última pesquisa da instituição mostrou que quase 63% dos homens não
lêem quanto desejariam e 75% deles preferem assistir à versão cinematográfica
da obra.
Naquele dia, quando também se celebrou a Noite Mundial do
Livro, no país, saíram às ruas para promover a campanha 10 mil voluntários
distribuindo livros, inclusive em prisões, hospitais e abrigos para moradores
de rua.
Os volumes de 20 títulos considerados de “leitura rápida” eram de
autores como Agatha Christie, Jeffrey Archer, Peter James, John Boyne, John
Grisham, Nora Roberts, Roald Dahl e Adele Parks.
A Noite Mundial do Livro acontece no Reino Unido desde 2011
e mais de dois milhões de pessoas já receberam livros como parte da iniciativa.
segunda-feira, abril 28
No sebo
Baço e poeirento
o silêncio habita
as salas foscas por
onde passeiam traças com
seus olhos de gula e
desejos de posse
à caça do brilho oculto
da pepita encadernada
No campo sagrado, os pares
ignoram-se (cúmplices/rivais)
tácito acordo
cada um por si e ninguém
por ninguém
Enfim, o achado
(dissimulando a gagueira)
entre dentes, negociado
o silêncio habita
as salas foscas por
onde passeiam traças com
seus olhos de gula e
desejos de posse
à caça do brilho oculto
da pepita encadernada
No campo sagrado, os pares
ignoram-se (cúmplices/rivais)
tácito acordo
cada um por si e ninguém
por ninguém
Enfim, o achado
(dissimulando a gagueira)
entre dentes, negociado
Dalila Teles Veras
Parabéns, Paraná
Iniciativas não faltam para incentivar a leitura neste país.
Uma das mais recentes é do governo paranaense – estado com uma grande tradição
cultural – através da Biblioteca Pública do Paraná que pretende aproximar
leitores dos grandes nomes da literatura brasileira desde a década de 1980.
Parado durante 26 anos, e retomado em 2011, o projeto “Um escritor na
biblioteca” agora terá as entrevistas editadas em dois volumes, distribuídos
para todas as bibliotecas públicas do estado. Estão relacionadas entrevistas
com Paulo Leminski, Luis Fernando Veríssimo, Fernando Sabino entre outros.
Parte da tiragem também será vendida a preço baixo na BPP.
sábado, abril 26
Livrarias como paraísos
“Se lemos um livro antigo é como se lêssemos todo o tempo
passado desde o dia em que foi escrito até nós. Por isso convém manter o culto
ao livro. O livro pode estar cheio de erratas e podemos não estar de acordo com
as opiniões do autor, entretanto conserva algo sagrado, algo divino, não com respeito
supersticioso, mas com o desejo de encontrar felicidade, de encontrar sabedoria”.
Se bem que Jorge Luís Borges tenha escrito estas palavras em
1978, hoje conservam seu pleno significado. E mais ainda na América Latina, paraíso
bibliófilo. Países como México, Peru ou Argentina estão cheios de histórias de cápsulas
do tempo em que às vezes se convertem as livrarias, que cumprem a função de máquina
do tempo para todo o tipo de obras.
Leia na íntegra "América, paraíso bibliófilo" em espanhol no jornal El Mundo
Mário Quintana - Encontro Marcado (entrevista rara)
Entrevista rara do poeta Mário de Miranda Quintana (1906-1994)
para o programa Encontro Marcado, com Araken Távora, exibido
pela TV Educativa nos anos 90.
pela TV Educativa nos anos 90.
Magos em casas de magias
"Os livreiros são os magos que têm o poder de revelar-nos a
beleza e o valor infinito dos livros; os jogadores que sempre apostam na obra
certa; e as alcoviteiras que aproximam o leitor com o autor em uma união que,
às vezes, é eterna. Ninguém pode negar que a paixão de muitos leitores por um
livro nasceu das palavras de um livreiro. Eles são, deste modo, a voz de quem
nos lê e os críticos a quem deveríamos escutar"
Matilde Asensi (escritora e jornalista espanhola)
sexta-feira, abril 25
Homens preferem a internet
Leitura do homem agora virou mais um quadro na parede
Os homens estão trocando a leitura pelo computador, segundo estudo
encomendado à Agência Reading, no Reino Unido. Pesquisadores descobriram que eles estão muito ocupados e preferem
passar seu tempo livre na internet. Em comparação com as mulheres, os homens
leem menos e mais devagar. A pesquisa entrevistou 2 mil britânicos, entre
homens e mulheres, e mostrou que 63% dos homens não leem tanto quanto eles
acham que deveriam ler. Muitos alegam falta de tempo e um quinto deles declarou
achar difícil ler ou não gostar de ler.
(Fonte: The Bookseller)
Baixa frequência nas bibliotecas
Uma pesquisa inédita realizada pelo Observatório do Livro e
da Leitura com 503 bibliotecas do país revela alguns dados nada animadores. A
média de frequência é de 420 pessoas por mês (14 por dia), sendo que um terço
das instituições (35%) recebe menos de cem/mês. Outro problema constatado
refere-se à renovação dos acervos. Mais da metade das bibliotecas (52%) não
possui verba para aquisição de novos livros. "O país ainda não conseguiu
resolver o problema de financiamento das bibliotecas", diz Galeno Amorim,
diretor do Observatório do Livro e da Leitura e ex-presidente presidente da
Fundação Biblioteca Nacional.
(Fonte: Folha de S. Paulo)
quinta-feira, abril 24
A pouca leitura do brasileiro
O SESC realizou uma pesquisa que identifica as preferências
dos brasileiros sobre as manifestações culturais, “Públicos de Cultura”. Foram
entrevistadas 2.400 pessoas de 139 municípios, de 25 estados das cinco regiões
brasileiras. A pesquisa, no item quantidade de livros lidos nos últimos seis
meses, revelou que 58% dos entrevistados não leram nenhum livro nesse período. Em
segundo aparecem 12% dos entrevistados, que leram um livro no mesmo período, e
11%, que leram dois livros. Apenas 1% leu o equivalente a um livro por mês e 5%
superaram a casa dos oito livros lidos.
Os temas literários mais procurados são ficção, seguida pela
Bíblia e por livros de cunho religioso e espiritualista. Para a pesquisa, foram
entrevistadas 2.400 pessoas de 139 municípios, de 25 estados das cinco regiões
brasileiras. (Fonte: Publishnews)
Clique aqui para ver mais sobre a pesquisa
Livro da língua inexistente
Um livro escrito em um idioma que não existe e ilustrado com
plantas e criaturas nunca vistas é um dos grandes mistérios da Bibilioteca
Beinecke de Manuscritos e Livros Raros da Universidade de Yale, nos Estados
Unidos. O livro é conhecido como Manuscrito de Voynich, uma
homenagem ao comerciante de livros usados Wilfrid Voynich, polonês naturalizado
britânico que teria descoberto o misterioso livro na Itália, em 1912. Desde
então, o texto se transformou em obsessão de vários especialistas e gerou
muitas teorias, algumas científicas e outras mais absurdas.
"Minha favorita é a que fala que (o livro) é um diário
ilustrado de um adolescente extraterrestre que o esqueceu na Terra
antes de partir", disse em tom de piada o curador da Biblioteca Beinecke,
Ray Clements.
Leia na íntegra aqui
quarta-feira, abril 23
Da sabedoria dos livros
Não penses compreender a vida nos autores.
Nenhum disto é capaz.
Mas, à medida que vivendo fores,
Melhor os compreenderás.
Mario Quintana (1906/1994)
Salve, Jorge
Em várias partes do mundo, se comemora o Dia Mundial do
Livro, data da morte de Miguel de Cervantes e do nascimento e morte de William
Shakespeare. A mais original comemoração é em Barcelona, onde o santo padroeiro
é festejado com rosas e venda de livros nas famosas “ramplas”.
terça-feira, abril 22
Perdemos o hábito de leitura?
Se lê mais, mas de outra maneira e outro tipo de textos; agora
mais intensamente é preciso que alguém ordene, oriente, destaque o que se lê,
como o editor e o crítico literário. Essas seriam duas das mais importantes
conclusões da primeira mesa redonda da I Bienal de Novela Mario Vargas Llosa,
que se realizou recentemente em Lima, no Peru.
Segundo Winston Manrique e Jacqueline Fowks, de Papeles
Perdidos, houve uma perda da capacidade de concentração para se ler textos mais
extensos e de complexidade. A mesa redonda “O rumo da leitura no mundo atual”
definiu que o editor orienta o panorama, decide o que publicar e ajuda a corrigir
e/ou melhorar o livro, enquanto o “bom crítico literário” deve dar elementos de
juízo ao leitor sobre a obra, ajudar melhor o leitor a compreender o texto. A
questão é que isso é incompatível com a liberdade do que se publica tradicionalmente
na rede de internet. “Se lê mais, mas a maioria dos textos são banalidades e as
redes sociais vivem das simplificações”, diz Fernando Ampuero.
Pouco antes da abertura o próprio Vargas Llosa falou sobre o
tema: “A literatura pode parecer uma atividade puramente prazenteira, uma
espécie de anestesia do espírito que se afastada do mundo do real, mas essa
operação tem consequências enormes e valiosas na vida real, sobretudo para as
sociedades que não querem ficar estagnadas e cair no conformismo, manter-se
vivas, críticas, renovadoras, criativas”.
Para Carlos Granes, da Cátedra Mario Vargas Llosa, “o rumo é
a leitura, conseguir que sigamos entusiasmados com os livros”.
“Lemos com a mesma velocidade da época de Aristóteles, 400
palavras por minuto, assim é que por mais livros eletrônicos que saiam não
somos autômatos e temos nosso próprio ritmo. O hábito de leitura se foi. Em 20
anos a leitura de livros será um culto. O problema é nossa inaptidão para nos
concentrar”, disse Sergio Vilela, diretor editorial da Planeta para a região
andina.
segunda-feira, abril 21
Diário de livreiro (fragmentos)
#Quando
menos se espera todos parecem combinar e chegam no mesmo momento à livraria. E
haja braços para tirar livros daqui; outros para apontar uma prateleira com o
livro pedido num giro de 180 graus. Sem falar na seqüência de respostas às
perguntas seguidas nem sempre inteligentes. Depois de tanto gesticular, falar,
enfim atender, o livreiro volta à sua tranqüilidade para conferir que os
tostões, parcos, mas de muita satisfação pela vida entre livros e leitores.
#O livreiro, em certos dias, pode comer o pão que o diabo
amassou, mas que paraísos tem à disposição! É de fazer inveja! Os livros estão
lá oferecendo jardins, sempre intocáveis, apesar de muitos terem percorrido
suas páginas, para cada hora do dia e para cada estação do ano.
domingo, abril 20
A resistência do livro
“Eu acho que o mundo ainda acredita no livro, basta ver a
grande variedade e novidades em livros para as crianças. Mesmo com todas as
novas tecnologias, acredito que o único impacto negativo maior, com relação aos
livros, foi para as enciclopédias, que deixaram de ser vendidas. O livro vai
sobreviver porque a palavra gravada é a coisa mais importante da civilização” (Ziraldo)
Menina lendo em meio ao lixo - Ilustração de Micah Albert
sábado, abril 19
O livro ausente
O mês de abril nos traz, junto à folha nova e o verde terno
das colinas, a emoção do livro. Nos jornais e revistas, começam a aparecer
artigos de elogio ao livro, e mais do que nunca experimentamos o gozo de nos
aproximarmos de asseadas bancadas para examinar volumes e volumes até encontrar
aquele que desejávamos ou pressentíamos sua existência. Tem uma emoção singular
entrar em casa com um livro novo. Primeiro, o acariciamos com os olhos ao mesmo
tempo que sentimos seu peso. Depois, lentamente, com moroso deleite que pomos
nas coisas do espírito, iremos rompendo suas folhas sem guilhotinar para perceber
o aroma do papel e da tinta. Cada livro, como cada flor, como cada paisagem,
como cada lugar, tem seu perfume.
Recorreremos com os olhos o índice, a nota de rodapé, a data
da edição, e folhearemos aqui e ali com uma frívola antecipação da leitura tranquila.
No final, nos acomodaremos na poltrona do lugar predileto, não sem antes haver
ajustado a luz, nem excessiva nem minguada, que requer o nobre prazer da
leitura. A persiana tem aqui um papel essencial.
Entrou um livro novo em nossa casa. Sairá logo dela, talvez
pedido por um amigo a quem não podemos negar um pequeno empréstimo? Não sabem
as pessoas o que custa deixar um livro. É um sacrifício doloroso para quem dia
a dia teve o cuidado de formar sua biblioteca à custa de muitas renúncias.
Quanto é fácil pedir um livro. E como é difícil recuperá-lo. O amigo dirá muito
convencido: “Devolverei logo. Vou ler rapidinho”. Pouco amor ao livro
demonstram tais frases. É um erro crer que os livros são apenas para serem
lidos. Não. São também para ter-se, sentir sua companhia silenciosa, quem em
momento determinado pode converter-se em uma conversa íntima. Quando falta um
livro de nossa biblioteca, sentimos que há uma vazio em nossa alma, um vazio
que é ausência, e portanto dolorosa. Passa o tempo e o livro não volta a seu
lugar.
Encontramos muitas vezes com aquele amigo, que é de boa fé e
constantemente nos faz promessa de devolução. Mas tudo fica na fronteira das
palavras. O livro continua ausente. Olhamos o pequeno exército de nossa
biblioteca e vemos alguns claros em suas filas. E respeitamos os lugares dos
livros ausentes da mesma maneira que respeitamos em nossa mesa o lugar da
pessoa que está viajando. Viagens sem bilhete de volta são as dos livros. Por
isso, quando nos pedem um livro, o melhor que podemos fazer é comprar outro
exemplar para dar de presente. Por muito pouco podemos comprar a tranqüilidade
de manter sempre por perto todos os livros que pouco a poucos fomos adquirindo.
E iludir assim a nostalgia da sua ausência. Porque o livro ausente, como a
pessoa ausente, só desperta em nós um amor inefável.
Francisco Javier Martin Abril (1908-1997), escritor, cronista e jornalista espanhol - " El jardín entrevisto" (ensaios, Madri, 1953 – Editora
Nacional) - Tradução do blogue
sexta-feira, abril 18
quinta-feira, abril 17
Gabo e os livros
Gabriel García Márquez (1927/2014), morto hoje na Cidade do México, sempre teve uma relação muito intensa com os livros. Lembrou mesmo em “Viver para contar” que durante sua fase de pobreza em Cartagena, no início da carreira, o que mais o salvava de pensar na situação era sua voracidade de leitura. E os livros tiveram sempre presença em suas histórias.
Numa biblioteca
“O interior da casa, iluminado por duas janelas que davam
para o mar alto, estava arrumado com um preciosismo minuciosos de solteirão. Em
todo o ambiente recendia uma fragrância de bálsamos que levava a crer na eficácia
da medicina. Havia uma escrivaninha em ordem e uma cristaleira cheia de frascos
de porcelana com rótulos em
latim. Relegada a um canto, estava a harpa medieval coberta
de uma poeira dourada. O mais notável eram os livros, muitos em latim, com
lombadas intrigantes. Havia-os em armários de vidro e em estantes abertas, ou
postos no chão com muito cuidado, e o médico caminhava pelos desfiladeiros de
papel com a ligeireza de um rinoceronte entre rosas. O marquês estava
assombrado com a quantidade.
- Tudo o que se sabe deve estar nesta sala – disse
- Os livros não servem para nada – disse Abrenuncio de bom
humor".
(Trecho de “Do amor e outros demônios”)
Praça do Sebo mais arretada
Há 32 anos, no Centro do Recife, a Praça do Sebo passou por uma reforma de dois meses, no ano passado. A pintura foi reforçada, as pedras portuguesas trocadas, assim como a iluminação e as grades que isolam o pátio. A revitalização do lugar também incluiu a fiscalização dos bares vizinhos, que antes encobriam a praça com mesas e tendas. Agora a estudante de Biblioteconomia da UFPE, Ana Carolina Sobral, abre uma nova fase para a praça, tornando o local ponto de cultura com programação durante todo o ano, a partir de tese de conclusão do curso. Leia mais aqui
quarta-feira, abril 16
Livros só para acadêmicos?
- O Quaresma está doido.
- Nem se podia esperar outra coisa, disse o doutor
Florêncio. Aqueles livros, aquela mania de leitura...
- Pra que ele lia tanto? indagou Caldas.
- Telha de menos, disse Florêncio.
- Ele não era formado, para que meter-se em livros?
- Isto de livros é bom para os sábios, para os doutores.
- Devia até ser proibido, disse Genelício, a quem não
possuísse um título "acadêmico" ter livros. Evitavam-se assim essas
desgraças. Não acham?
- Decerto, disse Albernaz.
Calaram-se um instante, e as atenções convergiram para o
jogo.
(Trecho de "Triste fim de Policarpo Quaresma", de
Lima Barreto -1881/1922)
terça-feira, abril 15
Curto-circuito político
Os políticos incensam seus neurônios por um voto, mas são
incapazes de gerar uma boa ideia para iluminar o caminho do livro ao povo.
Quando pensam em livro, o cérebro deles entra em curto-circuito
(anônimo)
Queda nas vendas surpreende
Foi com surpresa que a Nielsen Bookscan observou os números
de vendas do varejo livreiro em março, fechando o primeiro trimestre do ano. E
os dados não são animadores com uma queda de 20,86%. A empresa informou que as
vendas agregadas dos varejistas dos que fazem parte do Bookscan – cerca de 50 a 60% do volume de
faturamento de livrarias físicas e virtuais – vem caindo em volume de unidades
desde dezembro de 2013, quando foram vendidos 3,96 milhões de livros contra
2,92 milhões no último mês.
segunda-feira, abril 14
Teste do bom leitor
O escritor Vladimir Nabokov (...), autor famoso de “Lolita”,
que pede que os leitores “acariciem os detalhes”, sugere um pequeno teste para
se saber sobre a nossa qualidade de leitura no prólogo de “Lecciones de
Literatura Europea”.
"O que se deve ter para ser um bom leitor?
- Deve pertencer a um clube de leitores
- Deve se identificar com o herói ou a heroína
- Deve concentra-se no aspecto sócio-econômico
- Deve preferir um relato com ação e diálogo a um texto sem
isso
- Deve ter visto a novela no cinema
- Deve ser um autor embrionário
- Deve ter imaginação
- Deve ter memória
- Deve ter um dicionário
- Deve ter certo sentido artístico"
Quem fizer o teste poderá se considerar um bom leitor,
segundo Nabokov se responder apenas os quatro últimos itens, que seriam
corretos: imaginação, memória, dicionário e certo sentido artístico. Para o
escritor, não são aqueles que se identificam com os personagens, que são únicos
e impossíveis de se comparar com as pessoas. Também não é necessário ser um
pretenso escritor. Aqueles que preferem novas de ação também não seriam bons
leitores. E os que buscam aspectos sócio-econômicos, leitores antropológicos, “carentes
de imaginação e incapazes de reconhecer a autonomia da ficção’, estariam perdidos
irremediavelmente para Nabokov.
Não me fechem as portas
Não me fechem as portas, orgulhosas bibliotecas,
pois justamente o que estava faltando
em suas prateleiras
apinhadas,
é o que venho trazer
- mal acabado de sair da guerra,
um livro que escrevi:
pelas palavras do meu livro, nada;
pelas intenções, tudo!
Um livro à margem,
sem nada a ver com os restantes,
e que não pode ser sentido só
com o intelecto.
Vocês, porém com seus silêncios latentes,
a cada página hão de estremecer
maravilhados.
Walt Whitman (1819/1892), autor
de “Folhas de relva” (Leaves
of Grass),
é considerado o maior poeta norte-americano
sábado, abril 12
sexta-feira, abril 11
Futebol na literatura
Luiz Ruffato, romancista, contista e poeta, ganhou no ano
passado o Prêmio Casa de las Américas, com o romance “Domingos Sem Deus”. Recentemente
organizou a coletânea "Entre as Quatro Linhas". Aqui Ruffato dá
entrevista para o Podcast/Unesp. Ouça
O enterro do livro
As portas mal se abriam e por elas entrava a notícia. O
bibliófilo, tão amigo da livraria, morreu. Durante anos formou a biblioteca com
obras compradas naquelas estantes, algumas mesmo bem antigas. De tanta
freqüência quase diária se tornou não apenas o freguês mais constante, mas um
amigo da casa. Se já não comprava tanto, tinha-se por lá respeito a ele,
principalmente por ser o dono de uma rara edição de alto valor. E chegava a
hora de salvar a joia da biblioteca. Aquela mesma edição que o livreiro perdeu,
na época, por não ter dinheiro suficiente. Agora ele tinha o dinheiro e a
chance maior de comprar junto outras ótimas obras. O livreiro não podia deixar
de comparecer para dar as primeiras condolências à família, de quem com o tempo
também se tornou amigo. E lá se foi para o velório.
Chorou lágrimas sinceras, se comoveu pela surpreendente
morte, quando o bibliófilo sequer sofria de qualquer doença. Mas o olho do
livreiro não via o morto, via um livro pequeno, antigo, valioso. Era o único
brilho em meio a tanto luto. Foi assim por dias, até na igreja durante a missa
de sétimo dia. O livro estava no altar iluminado por velas, abençoado pelo
padre.
Cupins e viúvas, como dizia um velho livreiro, são os piores
inimigos de qualquer biblioteca. Não foi dessa vez que se rompeu a tradição. Devido
a tanta amizade, foi fácil adquirir e acertar um bom preço junto à viúva. E
logo logo os volumes deixaram a casa, onde marcavam ainda a presença do defunto
e, como ele, corpos mortos.
Na loja, o livreiro rapidamente loteava as caixas segundo o
melhor valor das obras. Era de um nervosismo surpreendente em pessoa tão calma
de falar baixinho. Diante daqueles livros se arvorou em um caçador aflito atrás
da presa mais importante.
E nada da preciosidade aparecer entre aquela papelada, que não era
pouca nem de pequena monta. Depois de
separar tudo e ver que ali não estava o que procurava, rumou para a casa do
defunto, levando o dinheiro do acerto. E não se aguentou para saber sobre
aquele livrinho pequenino, mas tão precioso, que não encontrou vasculhando a
biblioteca.
- Ah, meu filho, ele era tão apegado àquele volume que
ficava na cabeceira e toda noite ele folheava. Gostava tanto dele que coloquei
o livrinho no caixão debaixo da cabeça dele!
quinta-feira, abril 10
Projeto para equipar casa com livros
Cada unidade do Programa Minha Casa, Minha Vida deverá ser
entregue com computador e biblioteca básica composta por 20 livros. A proposta do
senador Cristovam Buarque (PDT-DF) está no projeto PLS 204/2013 aprovado esta
semana pela Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e
Informática. Segundo o projeto, cada casa será entregue com um computador com
todos os softwares instalados e acesso à internet banda larga e 20 volumes de
literatura e de referência, selecionadas pelo Plano Municipal do Livro e da
Leitura, pelo Plano Estadual do Livro e da Leitura ou pelo Plano Nacional do
Livro e da Leitura.
Segundo Cristovam, o programa federal se revela incompleto,
pois não avança no acesso ao conhecimento e à informação. “Hoje computador é
igual a fogão”. No texto, o senador afirma que a inclusão cultural e a digital
são duas das dimensões pouco valorizadas no Brasil e, por isso, diante do
alcance do Minha Casa, Minha Vida, é fundamental a associação dos dois tópicos.
O projeto deve ser votado ainda nas Comissões de Educação,
Cultura e Esporte e de Desenvolvimento Regional e Turismo.
(Agência Senado)
quarta-feira, abril 9
Escola para formar leitores
Espaços de leitura beneficiam 80 escolas (Foto: John Pacheco/G1)
O governo de Macapá lançou o programa “Escola de Leitores”
que vai beneficiar 80 escolas da rede municipal. Cada unidade recebeu uma
estante móvel com 150 livros para ser colocada nos espaços dedicados à leitura
nas instituições com espaço dedicado aos escritores da Amazônia. As obras envolvem
literatura infantil, romances, livros técnicos, didáticos e de alfabetização.
"A estante não é só para colocar livros e sim para
aproximar a leitura das crianças", reforçou Arinay Almeida. A coordenadora
do programa ainda acrescentou que os livros poderão ser levados para a casa
como uma forma de compartilhar o saber com a família. "Se uma criança
voluntariamente tem o hábito de ler, isso tem toda a tendência de se propagar
para a família", disse.
terça-feira, abril 8
Leitura e tecnologia convergem ou divergem?*
O mês de abril traz duas datas muito importantes para a
literatura infantil. No dia 2 é celebrado o Dia Internacional do Livro
Infantil, em homenagem ao escritor dinamarquês Hans Christian Andersen; no
Brasil, 18 de Abril é o Dia Nacional do Livro Infantil, que marca o nascimento
do escritor Monteiro Lobato. O Patinho Feio e o Soldadinho de Chumbo, de
Andersen e, a boneca Emília e o Visconde de Sabugosa, de Lobato, estão
presentes na vida de pessoas de diferentes gerações, seja por meio das páginas
dos livros ou da popularização dos personagens na televisão. Com o avanço das
tecnologias e com a multiplicidade de informações à disposição, como fica o
legado deixado pelos clássicos da literatura? E como alcançar os 88,2 milhões
de brasileiros que não têm o hábito de ler?
Segundo a pesquisa promovida pelo Instituto Pró-Livro (IPL),
Retratos da Leitura no Brasil 3, há diversas razões alegadas pelos brasileiros
para não terem lido nos últimos meses, como a falta de tempo (53%), não ter
paciência para ler (19%), ou desinteresse (30%). Os que preferem outras
atividades ficam com 21%. Baseado nesses dados seria a tecnologia uma
ferramenta para estimular a leitura?
Hoje, crianças têm celulares, só se fala em Facebook,
Instagram, Twitter e a internet é a maior fonte de buscas. Pode parecer que o
mundo analógico foi esquecido, mas, ao invés de pensar na substituição dos
livros impressos pelos digitais, será que eles não podem andar juntos? O livro
“de papel” não deve perder o seu valor, assim como o rádio não deixou de
existir com a invenção da televisão. Recentemente um importante jornal de São
Paulo fez uma matéria sobre o que as pessoas leem enquanto estão no metrô e o
texto perguntava quem já não ficara curioso para saber o que a pessoa ao lado
estava lendo.
Muitos dos personagens contaram que estar no metrô era um
momento único de leitura, do qual não abriam mão. Alguns estavam estudando em
livros didáticos, outros lendo romances, ou ainda obras classificadas por eles
como leves, só para relaxar no percurso. Agora, se eles estão lendo no papel ou
em tablets, não importa. O importante é que estão aproveitando seu tempo para ler,
já que as histórias vêm e virão em novos formatos.
Com o tamanho do Brasil e as diferentes realidades em cada
região não se pode dizer que as novas tecnologias sejam uma unanimidade no
país. Ainda de acordo com a Retratos da Leitura, 64% dos leitores que ainda não
leram livros digitais podem vir a ler. Somente 20% acham que nunca farão uso.
Na pergunta “se acredita que de agora em diante vai ler” 37% disseram que lerão
mais livros impressos, 34% afirmaram que lerão mais livros digitais e 23% acreditam
que a leitura de ambas as formas será na mesma proporção. As próprias editoras
têm apostado no mundo digital não só para chamar mais leitores, como também
para fidelizar os já existentes e que já passaram a interagir com as novas tecnologias.
Experiências recentes do IPL, com instalações em Bienais do
Livro, provam como a tecnologia pode despertar o interesse pela leitura. A
primeira foi em 2008, com a “Biblioteca Viva”, em São Paulo. A
instalação multimídia contou a história da escrita, do livro e das bibliotecas,
além de promover a oficina do autor, para as crianças. Em 2009, foi a vez do
Rio de Janeiro, com o patrocínio da “Floresta de Livros”, um espaço temático
que contou com Árvores Falantes, Livro Mágico, Salas Secretas e a Grande
Clareira. “Ler é uma Viagem” marcou a Bienal de 2010, em São Paulo. O espaço contava
com tradutor de libras e monitores treinados, e englobava recursos que combinam
literatura com tecnologia, chamada de mídia social imersiva. Os participantes viravam
personagens da história como bruxa, princesa, sapo e até a Emília, de Monteiro
Lobato. Em 2012, também em
São Paulo , o IPL criou o ambiente literário interativo “Deu a
Louca nos Livros”, que possibilitava um passeio por livros desconstruídos. Os
brinquedos populares do Nordeste substituíram ilustrações e personagens para
serem incorporados, nas histórias dos romancistas Jorge Amado e Graciliano
Ramos ou nas histórias recriadas pelos visitantes. Todas as instalações estavam
entre as principais atrações das Bienais com filas de ávidos interessados nas
experiências no mundo dos livros.
“Assim como não é possível haver equilíbrio psíquico sem o
sonho durante o sono, talvez não haja equilíbrio social sem a literatura. Deste
modo, ela é fator indispensável de humanização e, sendo assim, confirma o homem
na sua humanidade. (...)”. Este trecho de Antonio Candido – em O direito à
literatura, sintetiza muito bem a essência da leitura. Independente de sua
forma ela é uma grande ferramenta de mudança, do estímulo à criação e da
esperança de dias melhores. É preciso investir, pensar diferente, despertar
interesse e não deixar que os novos meios sejam um empecilho cultural, mas um
instrumento favorável para o despertar da leitura.
*Antonio Rios é presidente do Instituto Pró-Livro
segunda-feira, abril 7
O computador e a flor
"Livro como objeto tem algo especial que não nos dá a tela do
computador. Nela não há como deixar secar uma flor em um poema que nos
apaixonou"
Pilar Socorro
Tipos de livros
Livros que você leu.
Livros que você não leu.
Livros que não pode deixar de ler.
Livros que pode deixar de ler.
Livros já lidos sem sequer ser preciso abri-los.
Livros que se você tivesse mais vidas para viver certamente
também os lerias.
Livros demasiado caros que espera poder comprar em saldos.
Livros que pode pedir a alguém que empreste.
Livros que todos leram, portanto é quase como se você
tivesse lido também.
Livros que há tanto tempo planeja ler.
Livros que quer possuir para ter à mão em todas as
circunstâncias.
Livros que poderia pôr de lado para ler talvez este Outono.
Livros que fariam muito jeito para equilibrar a perna do
sofá.
Livros que inspiram uma curiosidade repentina, frenética e
não justificável.
Livros lidos há tanto tempo que seria hora de serem relidos.
Livros que você faz de conta que leu e que seria hora de decidir
ler realmente.
Italo Calvino
sábado, abril 5
sexta-feira, abril 4
O livro nos arma
“A boa literatura nos ajuda a estarmos melhor armados frente
à vida e qualquer embate. Nos defende contra a mentira, a manipulação e as falsas
grandiosidades. Por isso é uma barbaridade educar os jovens só com as
tecnologias"
O peruano Jorge Mario Vargas Llosa é ensaísta, romancista e
autor de teatro. Escreveu entre outros “Pantaleão e as visitadoras”, “A festa
do bode”, “A casa verde”, “Tia Júlia e o escrevinhador”, “A Guerra do fim do
mundo”
quinta-feira, abril 3
Livros também curam
O Reino Unido está prescrevendo livros em vez de fármacos
como tratamento para a depressão. Segundo especialistas, a leitura de
determinadas obras é uma forma eficiente de ajudar os pacientes a ultrapassar
os problemas sem sofrer efeitos secundários. O método começou a ser utilizado
em junho de 2013, quando o Serviço Nacional de Saúde do país lançou uma campanha
baseada na pesquisa desenvolvida em 2003 pelo psiquiatra galês Neil Frude, que
concluiu que os livros tinham potencial para se assumir como um substituto
eficaz dos antidepressivos. O cientista constatou que alguns pacientes,
frustrados com o longo período de tempo até sentirem os primeiros efeitos dos remédios,
começaram a ler como forma de se entreter e, entre as várias centenas de
milhares de livros de autoajuda, alguns títulos traziam realmente benefícios ao
leitor.
A divulgação desta nova campanha foi feita recentemente por Leah Price, investigadora e professora da Universidade de Harvard, em artigo publicado no jornal The Boston Globe, sobre a iniciativa baseia-se de se prescrever livros para ajudar os pacientes com depressão a encontrar ligações com os outros e com o mundo. A diferença é que os livros não são apenas recomendados, mas prescritos como remédios. "Se o psicólogo ou psiquiatra diagnostica o paciente com depressão leve ou moderada, uma das opções é passar-lhe uma receita com um dos livros aconselhados", numa receita que se “avia” na biblioteca ou na livraria.
Esta nova campanha, incluída entre outras de biblioterapia
desenvolvidas naquele país, está com forte adesão a ponto de nos primeiros três
meses terem sido registradas mais de 100 mil requisições dos livros de
autoajuda recomendados. Esta não é, no Reino Unido, a única iniciativa a
relacionar a saúde mental com a leitura. O Serviço Nacional de Saúde britânico
financia também outras iniciativas como a "The Reader Organization",
associação que reúne pessoas desempregadas, presos, idosos ou apenas solitários
para que, todos juntos, leiam poemas e livros de ficção em voz alta.
A divulgação desta nova campanha foi feita recentemente por Leah Price, investigadora e professora da Universidade de Harvard, em artigo publicado no jornal The Boston Globe, sobre a iniciativa baseia-se de se prescrever livros para ajudar os pacientes com depressão a encontrar ligações com os outros e com o mundo. A diferença é que os livros não são apenas recomendados, mas prescritos como remédios. "Se o psicólogo ou psiquiatra diagnostica o paciente com depressão leve ou moderada, uma das opções é passar-lhe uma receita com um dos livros aconselhados", numa receita que se “avia” na biblioteca ou na livraria.
quarta-feira, abril 2
Dois hipopótamos de tributação
O Brasil pode entrar no Guiness dos recordes com o livro que
acaba de ser lançado, pesando o mesmo que dois hipopótamos dos grandes. São 7,5
toneladas, 2,1 metros
de altura e l,4 metro de largura com letras em tamanho 22 que formam “Pátria
Amada”, obra quer reúne praticamente – isto mesmo, apenas praticamente – todas
as leis nacionais relacionadas à arrecadação de impostos nos níveis federal,
estadual e municipal do país. em 41,2 mil páginas.
Foram 23 anos de dedicação do advogado tributarista Vinicius
Leôncio, que ainda desembolsou R$ 1 milhão para imprimir o livro. Desde 1991
Vinicius vinha dedicando cinco horas por dia ao projeto para materializar em um
objeto a complexa teia legal a que são submetidos todos que se propõem a pagar
impostos de forma correta no país faltando uma complementação. Apesar do
tamanho, o volume reúne apenas as legislações até 2008. Para sua atualização
seria necessária a inclusão de mais 80 mil novas normas tributárias em todo o
país.
“Essa burocracia causa uma incerteza jurídica
muito grande. O empresário trabalha 30 ou 40 anos, um dia acorda e descobre que
deve todo seu patrimônio terça-feira, abril 1
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