Mas o que definirá a vida do livro é também o seu gênero, e em muitos dos livros lançados como primeira publicação de um autor, a crônica é gênero dos mais comuns, e que tem os mais diferentes formatos, ou seja, crônicas de viagem, crônicas de política, crônicas de memória e também aquelas que muito se aproximam da ficção, onde uma historinha acaba configurando-se e servindo de escora para uma crônica de opinião do autor.
Pierre-Auguste Renoir, 1885 |
Ao longo dos anos, e em especial no período dourado do jornalismo brasileiro, gente como Fernando Sabino, Carlos Drummond de Andrade, Rubem Braga, Paulo Mendes Campos, João Antonio, João Ubaldo Ribeiro, Luis Fernando Verissimo e tantos outros, não só nos desenharam o que seria a crônica brasileira, a ponto de se dizer que nossa crônica não encontra similar no mundo, como influenciaram gerações de bons autores que se iniciavam na literatura. E, dentre esses, não é difícil imaginar aqueles que também cometeram seus próprios crimes no primeiro livro.
Hoje, graças às facilidades de publicação e a novos ventos intelectuais, há certa tolerância com o primeiro passo e é aceitável que numa obra primeira cometamos erros, excessos, reduções e até imprecisões. Afinal o suporte livro é uma conquista e tanto e, creio, merece constar na vida de todos os que valorizam as ideias e a escrita como um instrumento de afirmação cultural e, porque não, social. Mas para se fazer carreira e prosseguir publicando, é preciso estudo e nos dedicarmos à muita, mas muita leitura. Há, junto desse esforço, que se procurar o mais acertado para nosso trabalho, seja com conversas com autores já experientes ou com o editor e consultor mais acessível para as dicas essenciais. Também é preciso atitude e autocrítica. E essa autocrítica só se constrói com o passar dos anos, o que, muitas vezes, faz pensar que um próximo livro precisa ser muito melhor do aquele primeiro, para que possamos seguir publicando e ganhando leitores.
Paulo Tedesco
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