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Escrever todo dia pode te fazer bem, mas fará à poesia?
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A vida foi sempre uma ilusão, é certo, mas nunca como no tempo dos musicais da Metro.
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Escrever é um vício barato. Bastam uma canetinha, um bloco e uma ingenuidade com pretensões de idealismo.
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Os amores impossíveis não se resignam. Crescem reprimidos, ignorados, e engendram flores de olor ácido e frutos de letal veneno, regados pelo mais feroz e inapaziguável de todos os rancores.
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A presença dos poetas parnasianos era denunciada pelo cheiro dos cisnes e dos pombos e pelo tilintar das chaves de ouro.
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Certos discursos fúnebres são tão escandalosamente laudatórios que o homenageado só não cora porque não pode.
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Os que morreram de amor têm hoje o nome reverenciado: Afonso, o sonso; Edgar, o muar; João, o bundão; Arnaldo, o tapado.
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Se você ouvir minha voz, não se deixe enganar. Pode um morto falar?
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Escrevo cada dia menos. Deus ouviu as preces dos meus leitores.
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Quando desço o porrete no que escrevo, não é questão de modéstia, mas de honestidade.
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Com o último poeta romântico morreu o segredo de transformar flores em poesia.
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Se escrever é algo que você faz até dormindo, é bem hora de acordar.
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Há quem aceite Deus como criador do mundo pela simples razão de que para tudo há de haver sempre um culpado.
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O objeto mais triste do mundo é um sofá sem um gato.
Raul Drewnick
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