Biblioteca Laranjeiras, na periferia de Sorocaba(SP) |
O simples fato de existir uma biblioteca na escola obviamente não é garantia de que o aprendizado aumentará. Mas a falta ou inadequação de material de biblioteca é apontada pela maioria (51%) dos diretores brasileiros como um problema grave, que afeta o aprendizado dos alunos em suas escolas, de acordo com a Pesquisa Internacional sobre Ensino e Aprendizagem, realizada pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Na média da OCDE –formada principalmente por nações ricas – essa proporção é de apenas 16%.
É muito difícil mensurar o impacto causado diretamente por uma biblioteca escolar no aprendizado de alunos. Há, porém, um razoável número de estudos acadêmicos confirmando o que é intuitivo: incentivar o hábito de leitura desde cedo têm impactos positivos, que não se restringem ao aprendizado na escola. Um estudo publicado no ano passado na revista científica Pediatrics– da Academia Americana de Pediatria – mostrou que um programa da prefeitura de Boa Vista (RR) e do Instituto Alfa e Beto com beneficiários do Bolsa Família levou a ganhos significativos de vocabulário, desenvolvimento cognitivo e na qualidade das interações entre crianças de 2 e 4 anos e seus cuidadores. Uma explicação foi que, mais do que simplesmente distribuir e recomendar a leitura, houve orientação de profissionais aos pais sobre como fazer uma leitura mais interativa, estimulando conversas entre pais e filhos.
O desafio maior das políticas públicas em grande escala e em contextos de alta desigualdade é como fazer isso com qualidade no caso de famílias de baixa renda e escolaridade. São justamente aquelas que, de acordo com o estudo encomendado pelo Instituto Pró-Livro, podem ser as maiores beneficiadas de uma política de incentivo à leitura.
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