E no meio de algum desânimo e muito sofrimento, com tantas notícias ruins – pandemia, recessão, desgoverno –, surge uma esplendorosa: está chegando um Ano Novo de verdade. Pense: você nunca viveu, nem viverá uma passagem de ano como esta.
Porque, como você sabe, toda vez é meio que a mesma coisa: todos de branco, esperando a meia-noite, pessoal mandando ver na birita, contagem regressiva (há sempre o tio que apressa a contagem), queima de fogos, abraços, uns choram, outros riem etc. Não varia muito de ano pra ano.
Mas este será diferente. Quando 2020 der lugar a 2021, a esperança vai virar realidade: a vacina vai chegar, as pessoas vão ficar imunes ao vírus, haverá um alívio monumental; poderemos voltar a nos ver, abraçar, beijar; trabalhar, viajar, passear, viver. Até ir à Vila ver o Santos jogar (me empolguei muito?).
Sabe aquele “Feliz Ano Novo” que você diz a cada virada, mecanicamente, como um carimbo comemorativo, a repetir feito papagaio, sem nem pensar direito no que está dizendo? Esquece. Porque, desta vez, haverá um desejo especial, alguns abraços farão estalar costelas. De simples clichê, a frase ganhará outro sentimento.
Lembro-me de um desenho que vi criança e nunca esqueci: o ano velho, simbolizado por um velhinho de barbas brancas compridas, saindo de bengala por uma porta, enquanto por uma outra chega o ano novo, um recém-nascido de fraldas, fofo, sorridente. Pois sejamos todos uns bebezões a saudar 2021.
Bom seria se, um minuto antes da explosão, fizéssemos silêncio. Todas as famílias, os amigos, os que trabalham de plantão, os que não têm família, amigos ou trabalho. Nenhum pio sobre a Terra: um silêncio concentrado, de olhos fechados, para lembrar os que se foram, viver o momento e entender o que estamos deixando para trás.
Claro que houve coisas boas no ano que passou. Somos festeiros, mas não ingratos. Mas tanta gente no nosso Brasilzão passando por um momento tão escuro, de tanta necessidade e incerteza, que andamos precisados de alegria. Chegue-se, 2021, esteja à vontade para trazer as durezas, conquistas, perdas, vitórias, decepções – que, afinal, esta é a vida.
Falta pouco. Fique em casa com os seus, só saia se for imprescindível (neste caso, de máscara), evite aglomerações. E tenha um Feliz Ano Realmente Novo.
Cássio Zanatta
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