Conhecido por maldizer o amor e a beleza, o homem foi visto ontem apedrejando um arco-íris.
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Deixarei na calçada algumas coisas, todas miúdas, que possam ser sopradas pela primeira brisa para o esquecimento.
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Que, como Fernando Pessoa, o poeta possa ser vários, para não se ver tentado a isolar-se em sua grandeza e ter-se como ídolo de si mesmo.
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Não se preocupe. Se um haicai se apresentar a você uma noite, não será sob a forma de um clarão, mas de um vaga-lume.
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Não nos deixemos abater. Mesmo que a memória não se disponha a confirmar, se perguntarem que extravagâncias fizemos, digamos que fizemos todas, principalmente as do amor.
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Escrever poesia é uma contradição aos oitenta anos, uma das idades que se consideram aquinhoadas com a sabedoria.
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Foi um homem comum, até começar a notabilizar-se, primeiro por seu apego à literatura e, depois, pela inegável má qualidade de sua poesia.
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Houve uma época em que minha relação com a poesia foi melhor. Pelo menos eu pensava assim, ou penso agora que pensava.
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Poetas antigos não se envergonhavam de, quando lhes pediam opinião sobre seu ofício, dar voz a passarinhos tagarelas e brisas indiscretas.
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Que tempo, que fase. Quem ainda está vivo, já está morto, ou quase.
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Enquanto a imortalidade não vem, morramos mais um pouquinho, gostosamente e devagar, como nos agrada e nos convém.
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Curiosos são os escritores que dizem ter estado a vida inteira à disposição da literatura, como se ela precisasse.
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Não se deixará enganar. Se não alcançar a maturidade, exigirá pelo menos a metade.
Raul Drewnick
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