Howard McWilliam) |
Precisamos nesse momento de elogio ao sublime ser íntimos de outra rosa, que nos faz sentir como a vida é bela quando a encontramos formosa no jardim da cidade ou no da sua casa. É feita de seda e fragrância, gosta de acontecer no momento singular da natureza. Em ritual de carícia, ilumina o ar quando se entreabre no sonho suave da flora.
Gostaria que fosse duradoura, não fugaz como acontece, pois em seu destino frágil de rosa fica murcha mal desponta. Assim se apresenta na sua aparição ligeira, vocação para que seja admirada em terna nervura, provocando suspiros e desejos, sugerindo a ideia de que o amor entre os seus protagonistas se faz necessário que seja bafejado com os ares da rosa.
Se você quiser ver sua mulher sorrir de contente, diga, quando sentar à mesa para a refeição matinal, que ela amanheceu bonita como uma rosa. Se ela quiser saber de onde foi que você achou essa rosa, que se parece com ela, não hesite em dizer que foi no Jardim de Dona Bela, só o seu coração conhecia, amava visitá-la todos os dias. Acrescente que de repente encontrou com aquela rosa agora, ali mesmo em sua frente, sentada à cabeceira da mesa. Radiante apresentava-se em ritual de amor fazendo com que seu coração tivesse a sensação de que sua casa fosse de fato na manhã formosa um jardim, igual ao de Dona Bela.
Os poucos leitores dessa crônica já perceberam que dentro de mim habita uma rosa, que sopra seu hálito delicado mal a manhã desperta. Justamente é essa, que nunca some, dadivosa em ritmo de cores e sons na alma flora. Tem habituais cuidados comigo, acha nesse instante que eu não deva prosseguir com a crônica, tentando dizer sobre o que é uma rosa. Ora, uma rosa é uma rosa com sua beleza fascinante, observa, será que alguém vai conseguir descrevê-la dentro da perfeição de suas linhas harmoniosas? Desenhada pelos dedos de Deus, nunca na minha escrita pobre vou chegar perto de sua beleza provinda da natureza, que é inimitável, sua delicadeza com finas saliências, seu jeito iluminado que trescala um sentimento que perfuma e encanta.
Verdade, nunca saberei decifrar o quanto essa rosa que acalma os olhos é misteriosa, seja qual for a cor que expresse o seu estar na vida, em qualquer estação, embora dê preferência que aconteça na primavera quando há trinados e voos alegres para celebrar esse dom da flora. Se uma rosa é uma rosa, uma só vale todos os poemas escritos pelos melhores poetas de todos os tempos. Inalcançável é a sua perfeita aparição, sem concorrente entre as flores não se presta ao decalque da mais apurada sensibilidade do poeta genial, tendo em vista que suas particularidades formadas por pétala e sonho pertencem somente a ela.
Rosa no verde é felicidade, no branco sinal de tranquilidade. Ambas as duas são generosas. Rosas no peito são bem-vindas, tão queridas, acariciam o coração ao toque do violão suave. A essa altura, em que tento mostrar minha admiração pela rainha das flores, penso que posso encerrar essa crônica recorrendo a Ataulfo Alves, poeta de nosso cancioneiro popular, que gostava de cantar o amor embalado com a beleza da rosa. Ele disse: “Quando morrer não quero choro nem vela, quero uma rosa amarela, gravada com o nome dela“.
Cyro de Mattos
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