Alguns perderam tanto, acreditam. Cadê aquela sensação de porto seguro, a doce pequena segurança, enquanto recebemos notícias graves a cada instante? O que se esconde por debaixo das superluas? Uma era termina, mas qual é a que começa? Muitas perguntas terminadas em reticências e um misto de admiração e espanto similar a dos indígenas que encaram as caravelas vindas além-mar pela primeira e última vez.
Recentemente, perdi um amigo para uma doença autoimune. Uma condição que iria surgir, independentemente do que ele fizesse. Inevitável. O fato é que não acabou aí. Não pode. Em meio a tudo isso, algo novo precisa surgir. Não se sabe o que, mas há um sol por trás das nuvens. É a ele que devemos alcançar. Mortes não podem ser um fim absoluto, mas uma renovação. É o sentido da vida.
Recebemos a tocha. Carregar um legado é difícil, ainda não mais quando o pedimos. O show continua, com ou sem nós. O melhor a fazer e seguir o trabalho. Como falei para uma amiga cuja madrinha morreu, você pensará em algo, mantenha o coração aberto. Vocês precisam ler o texto da Dani Haicai, de uma lindeza grandiosa que sei que fará um bom serviço. A madrinha dela se orgulhará.
Em meio a tempestade, um pequeno feixe de luz. É o suficiente para se aquecer e caminhar. Afinal, o replicante Roy Batty resumiu em seus últimos instantes que todos os momentos grandiosos se perderão como lágrimas na chuva. Hora de morrer. E a pomba voa para o alto em um céu limpo. Max, Marli, tantos outros. Estamos aqui. Vocês não serão esquecidos. Porque a obra continua, a vida importa e a chuva limpa.
Daniel Russell Ribas
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