Quando chega o tempo de flor, a pradaria solta todos os seus escondidos. Brota tudo. Até o carrapicho mais despreparado muda de casa. E dos alagados, das águas dormidas, sai coisa do arco da velha. A passarada fica de velas soltas, resmas e resmas de quero-queros de asas soltas. Uma noite, estando na cama, ouvi o pio dos marrecos. Fui olhar o céu, que um luar descamoado polia um sem-fim de asas, todas em formação militar voltam à pradaria. De manhã, no lavar dos olhos, vi aquela grandeza de nunca vista. Deus, durante a noite, tinha tirado o lençol que encobria os pastos para deixar tudo livre, flor por todo canto, pio de pássaro até no forro da casa.
“O Rei Baltazar”, José Cândido de Carvalho
quinta-feira, novembro 3
O último Cândido
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