Para começar, nada melhor do que uma visita ao berço da civilização policialesca. Em três contos protagonizados por Auguste Dupin, Poe fixou as bases arquitetônicas do gênero: “Os crimes da rua Morgue”, “O mistério de Marie Roget” e “A carta roubada”. São contos breves e potentes, vale conferir. Daí, seguimos para a primeira aventura de Sherlock Holmes em Londres com “Um estudo em vermelho” e a primeira aparição do belga Hercule Poirot, com “O misterioso caso de Styles”. Também escritos por Agatha Christie, a Rainha do Crime, três outros romances merecem atenção por quebrarem regras do gênero e trazerem inovações: “O caso dos dez negrinhos”, “O assassinato de Roger Ackroyd” e “Assassinato no Expresso do Oriente”.
Auguste Dupin e Sherlock Holmes |
Se alguém passar mal na viagem, os hospitais oferecem boas possibilidades, como “Lavoura de corpos” e “Post-mortem”, de Patricia Cornwell; “Coma”, de Robin Cook; “O cirurgião” e “Corrente sanguínea”, de Tess Geritssen. Para quem gosta de visitar alguns museus, os thrillers históricos são ótimas opções, como “O nome da Rosa”, de Umberto Eco; “Traduzindo Hannah”, de Ronaldo Wrobel, e “O segredo do oratório”, de Luize Valente. Acha que acabou aí? Todo bom lugar tem um serial killer para nos causar medo e, na literatura policial, o melhor é o famoso Dr. Hannibal Lecter. Para quem não conhece, “O silêncio dos inocentes” é leitura imprescindível. Na Inglaterra pós-Agatha Christie, duas damas do crime merecem uma visitinha com chá e bolos: Ruth Rendell com seu “Um assassino entre nós”, e P.D. James com “O enigma de Sally”.
Pegando um avião para outros cantos do planeta, passemos pela França, com “O cachorro amarelo”, de Georges Simenon, “Tarântula”, de Thierry Jonquet, e “O homem do avesso”, de Fred Vargas. Na Itália, “A forma da água”, de Andrea Camilleri; na Espanha, “O labirinto grego”, de Manuel Vázquez Montalbán; na Suécia, “Os homens que não amavam as mulheres”, de Stieg Larsson; em Cuba, o recém-lançado box “Estações de Havana” com o detetive Mario Conde, de Leonardo Padura; na Islândia, “O silêncio do lago”, de Arnaldur Indridason; na Escócia, “O enigmista”, de Ian Rankin, ou “Domínio sombrio”, de Val McDermid; na Irlanda, “Rastros na neblina”, de Benjamin Black, ou “Porto inseguro”, de Tana French; na Noruega, “A vela do demônio”, de Karin Fossum, ou “Baratas”, de Jo Nesbo.
Dos romances policiais brasileiros já falei muito neste espaço, mas destaco o tempero carioca de “O Xangô de Baker Street” e de “O silêncio da chuva”, o caos paulistano de “O matador” e de “Bellini e os espíritos” e, claro, o batuque baiano de “O canto da Sereia”. Entre as publicações mais recentes, são imperdíveis “O sorriso da hiena”, de Gustavo Ávila; “Eu vejo Kate”, de Cláudia Lemes, “Pssica”, de Edyr Augusto, e as coletâneas Rio Noir e São Paulo Noir, que apresentam histórias de mistérios situadas em bairros dessas grandes cidades. Um bom romance policial é a melhor maneira de viajar pelo mundo sem gastar muito dinheiro. Afinal, a literatura policial pode ser tradicional, exótica, pop ou violenta. Compre sua passagem (só de ida) e se deleite nesses passeios cheios de cores, sabores, texturas e possibilidades.
Raphael Montes
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