Rothstein-Williams argumenta que o conteúdo desses livros legitima o uso de insultos racistas, especialmente pelo reiterado emprego da palavra “nigger”, ponto de partida de todas as tentativas prévias de bloquear esses dois títulos. A rejeição popular ao termo, carregado do racismo com o que os brancos se referiam aos afroamericanos durante décadas de segregação e discriminação, transformou-o na “palavra ‘N’”, para evitar que seja pronunciado por completo.
A ação chega em um momento de intenso debate no setor educacional dos Estados Unidos entre quem reivindica a criação de espaços seguros em que os estudantes possam escolher não ler ou não ouvir palavras que possam ferir sua sensibilidade e aqueles que alegam que negar o acesso dos menores a essas obras é impedi-los de aprender as lições contidas em suas páginas e a realidade de épocas anteriores.
O Sol é para Todos, ambientado no Alabama dos anos 1930, conta a história de um advogado branco que aceita defender um afroamericano acusado de estuprar uma mulher, também branca. Em As Aventuras de Huckleberry Finn, Mark Twain retrata a vida de um jovem no Sul dos Estados Unidos no final do século XIX.
A ação dessa mãe na Virgínia é a última em uma longa lista de tentativas que colocaram As Aventuras de Huckleberry Finn no primeiro lugar da lista dos títulos mais censurados nas escolas dos Estados Unidos. O Sol é para Todos também está entre os primeiros colocados por causa de sua linguagem. Entre outros títulos censurados estão desde O Grande Gatsby (F. Scott Fitzgerald) e As Vinhas da Ira (John Steinbeck) até A Cor Púrpura (Alice Walker) e Amada (Toni Morrison).
Em 2013, um condado da Louisiana suspendeu a proibição que há 12 anos impedia os estudantes do estado de ler O Sol é para Todos nas escolas públicas. Até aquele momento, segundo a Associação Norte-americana de Bibliotecas pela Liberdade Intelectual, a mesma obra tinha sido banida em diferentes estados quase vinte vezes desde 1977.
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