Nascido em uma família de boa situação financeira, Che aprendeu a ler em casa, graças a sua mãe, já que a asma o impedia de ir à escola. Desde criança foi um leitor voraz, conforme lembra seu irmão Roberto, que conta que passava horas trancado no banheiro para não ser interrompido. Seus primeiros escritores favoritos foram Júlio Verne e Emilio Salgari, autores de romances de aventuras que “já mostravam certo espírito de sair explorando”, diz Emiliano Ruiz Díaz, um dos pesquisadores que organizaram a exposição, inaugurada na terça-feira.
Ernesto ‘Che’ Guevara lendo no Congo em 1965. |
“Em Havana, toda quintas-feira, lá pelas 2, 3 da madrugada, ele se reunia com um professor espanhol formado na URSS para ler e discutir esses livros”, conta Santiago Allende, outro dos pesquisadores por trás da exposição. “Às vezes Fidel (Castro) também participava e aconteciam discussões muito fortes. Mais tarde, Che teve suas divergências com o modelo soviético, divergências que o levavam a continuar lendo, a se aprofundar em sua busca”, acrescenta.
Charutos e livros
“Minhas duas fraquezas fundamentais: o tabaco e a leitura”, confessou Che em seu diário do Congo. A figura habitual do leitor sedentário e solitário contrasta com a do guerrilheiro em constante marcha e rodeado de companheiros. Mas nem nos momentos mais difíceis conseguiu abandonar o vício. “A leitura persiste como um resto do passado, em meio à experiência de ação pura, de despojamento e violência, na guerrilha, no campo. Guevara lê no interior da experiência, faz uma pausa”, deixou escrito Ricardo Piglia em sua descrição de Che como O Último Leitor.
Era um leitor compulsivo e metódico. Desde os 17 anos costumava anotar em cadernos os títulos das obras que consultava. Em seu plano de leituras da Bolívia, entre novembro de 1966 e setembro de 1967, anotou 60 títulos, entre eles O Jovem Hegel e os Problemas da Sociedade Capitalista, de Georg Lukács e História da Revolução Russa I, de Leon Trotski.
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