quinta-feira, abril 5

Vergonha?

Winter train ride. Just trying to simplify my work.. the way I draw and paint. Not that I don’t like my “regular” stye, it’s just that sometimes I feel limited by what I know. I’d love to be freer like when I was younger but oddly enough, the older I get the better I get the less spontaneous I am in my art. So... that’s what all these explorations are about ( in case you were wondering)  #pascalcampion
Apesar de se ler cada vez menos (falo de literatura, e não de SMS ou murais de redes sociais) – e de algumas pessoas fazerem arrogantemente alarde da sua ignorância –, a verdade é que ainda há muito quem se envergonhe de não ter estudos (por isso mentem tantos políticos a propósito dos seus currículos) e de não ter lido as obras que certos acadêmicos consideram obrigatórias ou fundamentais (o Proust, claro). Muita gente do meio intelectual tem mais dificuldade em confessar, junto de confrades ou publicamente, as suas lacunas quanto à leitura de uns quantos títulos – alguns ficam calados no meio de uma conversa entusiasmada (e isso nota-se); outros, mais afoitos, metem a colherada na conversa com generalidades que denunciam em três tempos a sua falta de conhecimento. Mas… com tanto livro, como ler tudo? Eu, que vivo à procura do novo e publico o contemporâneo, como vou alguma vez ter tempo para ler tudo o que está para trás e falhei por qualquer razão (o Ulisses de Joyce, por exemplo)? Devo ter vergonha dessas minhas lacunas? Claro, mas que fazer? Hanif Kureishi, num interessante questionário que o The Guardian propõe de vez em quando a escritores, confessa que nunca leu uma linha de Jane Austen, confissão que, vinda de quem vem, considero um ato de coragem extraordinário. A seguir diz: "My shame is big." Mesmo assim, a verdade a acima de tudo.

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