Quando pra os grandes era dia de carneada, pra mim e o meu primo era dia de tropeada. Daquele ossinho comprido, que parece ter as patas e duas pontas de aspas, a gente tirava as vacas. Chicossuelo era touro. Das patas, vinha a cavalhada. E, do espinhaço, as ovelhas.
Recordo que um dia peleei feio com um domador novo nas casas, o Cesário, porque me roubou o melhor touro e com ele foi jogar jogo-de-osso no galpão. Parei patrulha! Berrei até que o Cesário teve que me devolver. Mas, naquele dia, morreu a barrosa velha no piquete das tambeiras, foi ele quem foi courear, na hora lembrou de mim, voltou com oito cavalos de presente pra minha estância, fiz as pazes, se abracemo.
Naquela estância – única estância que tive, mas que acompanha minha vida – passei as horas mais lindas do meu tempo de piá.
E hoje, quando me vejo embretado em cidade grande e tão longe da querência, há ocasiões em que acordo ouvindo os gritos campeiros de outrora. É festa de marcação!
– Abre a porteira, Cesário, que venho trazendo os boizitos da Invernada da Saudade!
– Me ceva um mate, priminha, que a sede está me tonteando!
– E aviva o fogo! E esquenta a marca! Já está vermelha? Então...
... Tchhhhhh!
A marca do Rio Grande marcou a fogo minha tropa da saudade.
Barbosa Lessa
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