As paredes parecem subir regulares, retas; mas antes do meio do caminho, elas entortam para dentro, formando uma sensação de lapidar, de peça escultórica em uma abertura, uma incisão na pedra para propósitos de habitação humana. E o teto adquire uma feição industrial, de nave espacial, com os encanamentos e a iluminação à mostra; ou, fechados pela treliça respirante de um gradeamento cinzento, os fios elétricos amarelos são spaguetti presos por um escorredor de massa pendente. Vejo como as esquinas se abrem como plataformas para o jardim, entortadamente regulares – polígonos irregulares, de uma versão de interiores de Alice no país das maravilhas, de um Gabinete do Dr. Caligari, dentro de um prédio louco…
Chegou a hora de subir as tortuosas escadas dessa caverna moderna, rumando ao céu. Os degraus são de concreto pesado, e as paredes brancas nos envolvem junto a fendas de formas indecisas abertas ao nada, planos soltos que pudessem ter sido formatados, ou destruídos, por guerras atômicas ou estelares. Talvez aquilo tenha sido construído como a ideia, ou mesmo a partir, por cima, de um destroço de arquitetura humana funcional – como em De volta ao Planeta dos Macacos. É isto em que cerrados estamos uma estrela em formação ou explosão, um destroço de vida reconstruído?
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