Se o saber é só feito de experiências, é de presumir que o velho nunca tenha lido um livro. E, no entanto, falava quase tão bem como escrevia Camões: “Ó glória de mandar, ó vã cobiça/Desta vaidade a quem chamamos Fama!”
Os descobridores ficaram famosos, os Lusíadas ficaram famosos e, graças a Camões, o tal velho do Restelo também ficou famoso.
Quem era o velho? Era Camões? Somos nós? É toda a gente que acha mal arriscar a vida por um sonho?
A verdade é que o velho do Restelo continua mais vivo entre as gentes do que muitos dos jovens cantados por Camões.
É o que o velho era, como todos os velhos, a não ser aqueles com a bactéria que come tudo o que aprendem, erudito em vida.
O velho de Camões não era sábio apesar de velho. Era sábio por ser velho. Só hoje é que “um velho sábio” é visto como uma contradição interessante.
Que têm os velhos para ensinar aos novos? Aquilo que ainda não sabem, na esperança de encurtar caminho e poupar desperdícios e vexames: atalhos.
Padecer de insegurança é sofrer e perder tempo. A insegurança é para esconder dos outros, na esperança que também se esconda de nós.
A lata é tua amiga. Cultiva-a. Torna-a engraçada. Se a tua lata tiver graça será mais facilmente desculpada.
A vida é manteiga. Tu és a faca. A vida é gorda. A vida é luxuosa. A vida sabe bem. Mas tu tens de ser a faca que entra por ela e espalha-a conforme te apetecer.
A lata é a tua faca. A insegurança é o pão: cobre-a de manteiga, que ela desaparece.
O pão é mais importante do que a manteiga, mas foi feito para ela.
De resto, tudo é muito mais fácil do que parece. E quase tudo é uma questão de tempo.
O que é preciso é prática. E paciência.
O talento é só um acelerador.
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