Tenho tanto prazer ao ler os magistrais contos aterrorizantes de Edgar Allan Poe ou um delicioso romance policial noir de Raymond Chandler, quanto ao mergulhar nas sutilezas/trevas linguísticas/psicológicas de James Joyce ou Thomas Mann ou Umberto Eco ou Julio Cortázar ou... São universais, uns e outros, tanto quanto são universais Machado de Assis, Dyonelio Machado, Mário de Sá-Carneiro, Oliver Sacks, lista infindável.
Gubogi |
Universal é qualquer coisa que estabeleça uma ligação, que acenda a faísca do interesse e provoque o desejo de saber mais. Cultura é uma matéria intimamente interligada em suas inúmeras ramificações, e nada melhor para um consumidor comum de cultura do que passear por seu vasto território, numa jornada puramente hedonista, como um turista que viaja despreocupado, sem itinerário planejado e sem bagagem, ou, ainda melhor, sem lenço e sem documento. Fuga da realidade? Sim, e daí? Mas, no melhor da festa, alguma coisa nas entrelinhas nos puxa de volta e lá vamos nós penetrar em outro universo.
O rato de biblioteca não teme as influências, é uma criatura voraz e ansiosa por novos sabores, sabe que nunca vai conseguir devorar a biblioteca inteira, mas nem por isso deixa de tentar. Mas este rato aqui ainda teme, desconfia e evita um corredor do labirinto, um outro tipo de universo. O virtual, o e-book, a tela plana, fria, o livro que não pode ser manuseado, não, não parece apetitoso, melhor deixar pra lá. Melhor encarar a modernidade apenas nos textos, melhor saborear a alta tecnologia da mente do artista.
É isso, aqui me despeço, pois não é da natureza do rato bibliófilo fazer longos discursos, e prometo tentar me organizar, parar de fumar, começar aquele curso de alemão etc. etc. etc. Amanhã.
Nora Augusta Corrêa
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