Constança Lucas |
Somos resultado das leituras que fazemos e dos recursos anteriores de criação, neles fazemos as nossas invenções que nos levam por caminhos de palavras amadurecidas apanhadas como se fossem deliciosos frutos.
A leitura faz-se num saborear de paladares e odores, de sentires e dores, é uma companhia repartida e sempre presente. Recriamos os textos e imagens que lemos e relemos com o passar dos anos e assim fazem parte das nossas vidas como o afeto dos amigos.
Sempre me fascinei ao folhear alguns livros de arte que havia em casa dos meus pais, alguns em alemão ou inglês, mas o importante era as fotografias de pinturas e gravuras, o meu primeiro contato com Goya, Velasquez, Renoir, Delacroix, foi através desses livros que o meu pai tinha na estante do escritório dele em nossa casa, à qual tinha acesso livre, e hoje estão comigo quase todos. O impacto que produziu dentro de mim só é igual ao que hoje tenho ao criar um poema ou uma pintura.
A minha casa e o meu atelier têm grande parte dos seus espaços ocupados por livros que amo e convivo e sem os quais seria mais triste viver. Não imagino o meu mundo sem um pedaço de papel para desenhar, para escrever e para ler.
Constança Lucas, 'Eu, leitor, confesso", Abecês, n° 6- artista plástica
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