A crise econômica e as dificuldades gerenciais que se manifestaram na situação falimentar de nossas livrarias (21.000 fecharam em dez anos), como a Saraiva e a Cultura, chamam a atenção para a importância do livro e a fragilidade do setor no atual momento. Algo muito mais complexo do que apenas as constatações rasas — como a de que brasileiro lê pouco, preços são elevados ou a de que há efeitos de má gestão e da concorrência predatória da Amazon e de sistemas de venda direta que, ainda que úteis para pedir um título específico, não permitem tentadoras escolhas de impulso.
Mas quem ama livros a ponto de lhes escrever cartas bem que pode frequentar mais as livrarias que tenham bons livreiros. Gente que conheça o que vende e possa sugerir opções. Alguém que mostre uma ótima escolha discreta, revele um título que não é a última novidade necessariamente mais exibida, e seja capaz de apontar um tesouro sob medida para o amor literário do freguês.
De posse dessa preciosa indicação, oxalá o leitor apaixonado, autor de belas declarações públicas, considere que custa dinheiro manter esse espaço e empregos. Livraria não é showroom para depois se pedir pela internet. Assim, acaba morrendo à míngua. Nem mesmo nessa área dá para sustentar um amor numa cabana.
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