Rocío Bonilla |
Das cartolas dos mágicos saíam alfaces cantoras e pimentas luminosas e por toda a parte se via gente a propor permuta de sonhos. Havia quem quisesse trocar um sonho de viagens por um sonho de amores , e havia quem oferecesse um sonho para rir em troca de um sonho para chorar um bom choro.
Um senhor andava por ali à procura dos bocadinhos do seu sonho, desfeito por culpa de alguém que o levara pela frente: o senhor ia recolhendo os bocadinhos , colava-os e com eles fazia um estandarte às cores.
O aguadeiro dos sonhos levava água a quem sentia sede enquanto dormia. Levava a água às costas, numa vasilha , e oferecia-a em copos altos.
Sobre uma torre estava uma mulher de túnica branca , a pentear os cabelos que lhe chegavam aos pés. O pente soltava sonhos, com todas as suas personagens : os sonhos saíam dos cabelos e iam pelo ar.
Eduardo Galeano, " O livro dos Abraços"
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