Entre estes clássicos menores, coloco sempre o romance histórico de Arnaldo Gama, O sargento-mor de Vilar. Li, dele, nessa altura, quase tudo o que escreveu: Um motim há cem anos, O Bailio de Leça, A última dama de S. Nicolau, O filho do Baldaia, A caldeira de Pero Botelho, O segredo do Abadde e até esse longo folhetim, na peugada dos de Eugène Sue, O génio do ml, com a tenebrosa Matilde, cuja maldade tanto me fascinou. Porém, de todos os seus livros, o que mais me impressionou foi, aliás, o primeiro que dele li, O sargento-mor de Vilar. Os amores do fidalgo Luis Vasques com Camila, a filha do sargento-mor de Vilar, tendo como pano de fundo a invasão francesa de Portugal, a comando de Soult, e a descrição da resistência portuguesa ao invasor, “apanharam-me” completamente e na altura própria. Nunca mais voltei ao livro, com receio de se não renovar a magia. Nem todas estas marcas profundas se renovam, como seguramente se renova a magia de Le rouge et le noir, de Ressurreição (Tolstoi), de Assia (Turguenev), de Os irmãos Karamazov (Dostoiewsky) ou de Uma gota de sangue (José Régio). Estas são marcas que resistem à erosão do tempo. As outras, brilham no horizonte da nossa memória, mas tememos revisitá-las…
Eugénio Lisboa
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