Cuidar de uma pessoa é um ato terapêutico, um ato sagrado. Saúde física, amor à cultura e salvação estão muito próximas. Para cuidar da saúde, não poucas vezes precisamos rever nossos hábitos, nossa conduta, nossa relação com a natureza, com os outros seres humanos, com os valores pregados ou rejeitados pela sociedade em que vivemos.
É terapêutico religar-se ao sol, às águas puras, é terapêutico alimentar-se em casa, com os familiares, com os amigos, é terapêutico ler bons livros!
Existem dezenas, centenas de terapias ortodoxas e alternativas, naturais e exóticas, suaves e radicais. Todas elas com o objetivo de contribuir para que o ser humano atinja a felicidade, esse “impossível necessário”, como diz o filósofo Julián Marías. Da aromaterapia à cromoterapia, da arte-terapia à apiterapia (baseada no consumo do mel), da laborterapia à risoterapia, praticamente tudo pode tornar a vida humana mais humana.
Mas falemos de biblioterapia.
Temos a book therapy, entre os norte-americanos, e a livre thérapie, entre os franceses. Mas não se trata de uma nova ciência, pois é tão velha quanto o alfabeto e o pergaminho.
Não é de hoje que muita gente encontra na leitura de um livro a chave para entender seus problemas existenciais, para avaliar os desafios da vida, para lidar com as dificuldades naturais da convivência. Não um livro qualquer, mas um livro em cujas páginas eu veja refletido meu rosto, ouça meus diálogos internos, encontre em cada palavra uma pista, uma isca, um petisco!
Ler um poema de amor pode ser a melhor forma de nos apaixonarmos. (Como não se apaixonar depois de ler Pablo Neruda?!). Devorar um tratado de filosofia pode ser o melhor modo de preparar-nos para uma nova etapa de vida. (Como não se sentir interpelado pelas reflexões de um Kierkegaard, de um Sartre, de uma Simone Weil?!).
Ler é uma forma privilegiada de entender o mundo, de entender-se um pouco melhor.
Leitura cura.
Gabriel Perissé
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