Nesta primavera, viajei pela Europa. Ou melhor, eu e uma equipe de televisão cobrimos às pressas a rota de Viena a Berlim, em cujo percurso não encontrei nenhum sinal de verde, já que não havia brotos nas árvores, e em matéria de flores vi apenas as que desabrocham antes das próprias folhas, como as forsítias de agressivo amarelo e os açafrões, cujos botões também desprovidos de folhas despontam diretamente sobre a terra. Na viagem, levei comigo quatro livros de Malcolm Lowry da coleção Modern Classics, da Editora Penguin, escritor que eu vinha lendo de maneira ininterrupta nos últimos dois ou três anos. Aliás, não só lendo como também cuidando de anotar as metáforas que
essa leitura fazia explodir em minha mente para, com base nelas, escrever uma série de peças curtas.
Eu decidira ler mais uma vez esse autor ao longo da viagem e ao fim dela dizer: “Muito bem: agora, o ciclo Lowry está encerrado para mim”. Em seguida, daria os livros de presente a meus companheiros de viagem. Em minha juventude, nunca fui capaz de me ater por muito tempo à leitura de um único
escritor, premido como me sentia pela ansiedade. Uma vez passada a idade madura, porém, percebo afinal a existência de um grupo de autores sobre o qual gostaria de focalizar a atenção desde a velhice até o momento de minha morte. Eis por que sou às vezes obrigado a encerrar o ciclo de leitura de alguns autores dessa maneira deliberada.
escritor, premido como me sentia pela ansiedade. Uma vez passada a idade madura, porém, percebo afinal a existência de um grupo de autores sobre o qual gostaria de focalizar a atenção desde a velhice até o momento de minha morte. Eis por que sou às vezes obrigado a encerrar o ciclo de leitura de alguns autores dessa maneira deliberada.
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