Educação e cultura são dois aspectos essenciais para a construção de uma sociedade melhor, e foi pautado por esses temas tão importantes que a Associação Viva e Deixe Viver nasceu e se desenvolveu. São 18 anos recém-completados de atuação em hospitais de oito Estados do Brasil, levando mais cultura, por meio da contação de histórias e brincadeiras, para crianças e adolescentes.
O trabalho do Viva é orientado por uma atuação séria e comprometida dos contadores de histórias que passam por processos de treinamento e capacitação para ajudar (e humanizar) o trabalho de profissionais da saúde e o tratamento dos pacientes.
Levar alegria e conhecimento ao ambiente hospitalar é, certamente, um desafio. Uma missão que requer constante atenção e aprimoramento para atuarmos com seriedade e respeito dentro das instituições.
Algo que considero ser de extrema importância neste processo é ouvir a criança. Por isso, costumo dizer que quando nossos pequenos pacientes dizem que não querem escutar uma história já estamos contribuindo para o bem-estar e a autoestima deles. Mais do que promover a contação de histórias, nossos voluntários sabem que têm uma missão muito mais relevante: respeitar a vontade das crianças. Isso é algo que sempre reforçamos nos cursos de formação e reciclagem que oferecemos todos os anos na sede do Viva.
Como o passar do tempo, notamos que faltava conteúdo adequado para falar sobre a prevenção da saúde e não apenas sobre a doença. Necessidade que resultou na criação da Editora Viva e Deixe Viver, com a missão de lançar publicações infantis sobre a cultura e as histórias de nosso Brasil. Temos um acervo extenso de publicações que foram desenvolvidas especialmente para a contação de história nos hospitais.
Sempre reforçando o nosso compromisso com a promoção da leitura, buscamos lançar títulos em parceria com diversos autores. O mais recente, a coleção de livros Eu, a Célula, escrito e ilustrado por Dulce Rangel, é um trabalho excepcional para estimular as crianças a adotar cuidados importantes com o próprio corpo, mesmo quando não estão doentes.
Em uma sociedade em que as pessoas estão cada vez mais distantes umas das outras, o voluntariado busca oferecer benefícios para todos. A arte de contar histórias pode melhorar a relação entre pessoas e traz consigo uma série de benefícios para todos os participantes: com uma boa história, um bom conteúdo e uma boa narração, conseguimos sensibilizar a criança e os pais.
Prova disso são os resultados de diversas pesquisas que realizamos nos últimos anos. O estudo Perfil das Crianças atendidas no Hospital Menino Jesus, realizado pela Fundação Itaú Social, aponta que 100% dos entrevistados disseram acreditar que a contação de histórias ajuda a melhorar o bem-estar da criança ou adolescente. A atuação dos contadores também auxilia no relacionamento entre pais e filhos: 98% consideram a contação de histórias um caminho de aproximação e 95% acredita que a leitura ajuda no relacionamento entre a figura paterna e os filhos. São números que comprovam que estamos empoderando o pai para que ele seja terapeuta de seu próprio filho. Eles levam os textos, leem para as crianças e depois nos mostram relatórios.
A experiência e o aprendizado que a Associação fornece para a contação de histórias também consegue transcender as paredes dos hospitais em que os voluntários do Viva atuam, de acordo com pesquisa realizada pela Qualibest. Para 48% dos voluntários, os conhecimentos e informações são utilizados e transmitidos em outros espaços, que não ONGs ou associações.
Ao longo de nossa história, já realizamos diversos projetos que contaram com o apoio dos Ministérios da Saúde, da Educação e da Cultura. Como resultado dessas iniciativas, os números são positivos: 832.186 crianças e adolescentes foram atendidos; 628.776 familiares foram impactados e 628.776 profissionais da saúde auxiliados.
Quando eu vejo educação e saúde em sintonia, sei que estamos falando de grandes possibilidades de promovermos, de fato, uma virada em nossa sociedade. Ainda segundo a pesquisa da Qualibest, o trabalho de nossos voluntários, caso fosse remunerado, demandaria um valor adicional de R$ 2,5 milhões. Penso que são dados tão explícitos que comprovam a importância de buscarmos constantemente políticas públicas que apoiem projetos como o Viva.
Só assim é possível fazer nascer histórias como a da Mary Pietro, uma menina que conheci na AACD quando ela tinha apenas quatro anos e estava em tratamento. Aos oito anos, ela me pediu um livro e eu a presenteei com O Mundo de Sofia, que despertou o seu interesse por filosofia.
Hoje, aos 22, está fazendo faculdade de jornalismo e já está escrevendo o seu segundo livro.
Valdir Cimino, presidente da Associação Viva e Deixe Viver
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