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Falar de poesia? Ora, a poesia. Que prosa é essa?
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Sua voz era rouca, como a de um marinheiro encharcado de rum. Eu gostava dela assim.
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Tudo bem, pode me levar para a cama. Mas antes me diga palavras românticas. As mais belas que você souber.
As vírgulas às vezes atuam em nós como certas mulheres: nos fazem perder o fôlego.
Chamar alguém de musa está dia a dia mais constrangedor. Os poetas não têm mais o direito de ser assim ultrapassados.
Era um arco-íris dos bem pequenos, filhotinho. O menino o salvou da enxurrada, levou-o para casa e o enxugou todinho, cor por cor.
Ele é um pernóstico. Não tem objetivos, tem escopos. Chama-os também de desideratos.
As redes sociais andam tão punitivas. Um dia desses me proibiram de desgostar de um poeta que eu ainda nem tinha chegado a ler.
Tenha pudor: nunca diga as palavras pundonor e pudicícia. Mas, se disser, não suplique perdão nem clemência. Peça desculpas, já está bom.
Política e polícia costumam estar próximas – e não só no dicionário.
Se escrevo cada vez menos é para manter o pretexto: sou um poeta bissexto.
Trabalhou a vida toda para ser reconhecido. Conseguiu. Alguém diz seu nome e instantaneamente vem o comentário: ah, aquele velho dos sonetos…
Olhe, é aqui que eu crio os passarinhos. Alpiste do melhor, água de chuva. Você acha que meus gatos são bonitos por quê?
Um advérbio, um adverbiozinho de nada, pode pôr um texto a perder. Completamente. Ou salvá-lo. Improvavelmente.
Compostura: quando tocavam a campainha, a tristeza pedia cinco minutinhos para se arrumar.
Ultimamente, quando penso em morrer, lateja em mim uma mornidão, uma sensualidade, quase um gozo. Ter lido os românticos foi meu vício e meu pecado.
Feliz é quem, no último instante, pode simplesmente fechar os olhos, sem medo e sem esperança.
Raul Drewnick
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As vírgulas às vezes atuam em nós como certas mulheres: nos fazem perder o fôlego.
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Chamar alguém de musa está dia a dia mais constrangedor. Os poetas não têm mais o direito de ser assim ultrapassados.
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Era um arco-íris dos bem pequenos, filhotinho. O menino o salvou da enxurrada, levou-o para casa e o enxugou todinho, cor por cor.
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Ele é um pernóstico. Não tem objetivos, tem escopos. Chama-os também de desideratos.
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As redes sociais andam tão punitivas. Um dia desses me proibiram de desgostar de um poeta que eu ainda nem tinha chegado a ler.
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Tenha pudor: nunca diga as palavras pundonor e pudicícia. Mas, se disser, não suplique perdão nem clemência. Peça desculpas, já está bom.
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Política e polícia costumam estar próximas – e não só no dicionário.
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Se escrevo cada vez menos é para manter o pretexto: sou um poeta bissexto.
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Trabalhou a vida toda para ser reconhecido. Conseguiu. Alguém diz seu nome e instantaneamente vem o comentário: ah, aquele velho dos sonetos…
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Olhe, é aqui que eu crio os passarinhos. Alpiste do melhor, água de chuva. Você acha que meus gatos são bonitos por quê?
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Um advérbio, um adverbiozinho de nada, pode pôr um texto a perder. Completamente. Ou salvá-lo. Improvavelmente.
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Compostura: quando tocavam a campainha, a tristeza pedia cinco minutinhos para se arrumar.
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Ultimamente, quando penso em morrer, lateja em mim uma mornidão, uma sensualidade, quase um gozo. Ter lido os românticos foi meu vício e meu pecado.
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Feliz é quem, no último instante, pode simplesmente fechar os olhos, sem medo e sem esperança.
Raul Drewnick
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