Narrativas falsas criam fake news, espalhando mentiras como se fossem reais. Mas o que vale é o contrário: a ficção que finge ser mentira para revelar a verdade.
Há poucos dias, um deputado leitor disse que a prioridade do MEC vinha sendo lutar contra moinhos de vento. Outro viu que o ministro estava no bico do corvo.
Amy Huntington |
O convívio com a leitura de ficção deixa marcas. Indaga “Para que essa boca tão grande?” Mostra que um dia mudará a resposta do espelho à pergunta de quem é a mais bela de todas. Ensina que há um limite além do qual a carruagem suntuosa volta a ser abóbora cercada de ratos. E que quem finge ser Robin Hood pode apenas estar deslumbrado com as riquezas da caverna de Ali Babá.
Leitores de histórias sabem que há tesouros a descobrir num texto, mais camadas do que as exigidas pela simples reação imediata de um clique . Já encontraram Alice sem rumo, sem saber para onde ir, mas capaz de enfrentar uma Rainha de Copas que insistia em mandar cortar cabeças a torto e a direito, dando primeiro a sentença e só depois levando a julgamento. Entre os contemporâneos, deliciam-se com Ruth Rocha, seu “Reizinho mandão” e seu “Rei que não sabia de nada” — para não falar em sua “História de rabos presos”.
Nada como boas histórias para expor fábulas, mitos e lendas.
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