Há histórias de todas as espécies. Algumas nascem ao ser contadas; sua substância é a linguagem e, antes que alguém as ponha em palavras, são apenas uma emoção, um capricho da mente, uma imagem ou uma reminiscência intangível. Outras chegam completas, como maçãs, e podem repetir-se até o infinito sem riscos e ter seu sentido alterado. Existem umas que são tomadas pela realidade e processadas ela inspiração, enquanto outras nascem de um instante de inspiração e se transformam em realidade ao serem contadas.
E há histórias secretas que permanecem ocultas nas sombras da memória; são como organismos vivos, nascem-lhes raízes, tentáculos, enchem-se de aderências e parasitas e, com o tempo, transformam-se em matéria de pesadelos. Por vezes, para exorcizar os demônios de uma recordação, é necessário contá-la como um conto
Isabel Allende, “Contos de Eva Luna”
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