segunda-feira, agosto 9

Poucas e talvez ruins

O que você pensa fazer de maior, Shakespeare, o Bardo, já fez há muito tempo e muito melhor.


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Seria muito mais fácil e agradável dedicar a vida à literatura se ela fosse loira, longilínea e langorosa.

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Na entrevista, o autor de romances eróticos declarou não ser candidato ao Nobel, por não se considerar um artista, mas um modesto servidor do ramo de entretenimento.

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No seu processo de autoconhecimento, descobriu que não era poeta na sexta década de vida, quando não tinha mais idade nem forças para ser trapezista, outro sonho de sua juventude.

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Seu sonho é escrever uma daquelas frases curtas, belas e definitivas que costumam com toda a justiça ser atribuídas a Clarice Lispector.

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Surpreende-me a rapidez com que se altera a minha cotação: num dia sou longevo; no outro, sou decrépito.

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Não receio morrer. Morrer não é problema, o problema é viver.

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Não tenho atuado tão mal. É uma pena que eu precise morrer no final.

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Esteve tão ocupado, sempre, com a literatura que a vida só merecia sua atenção esporadicamente, muito esporadicamente.

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Depois de cada uma das mil trezentas e oitenta e três reformas pelas quais passou a gramática nos últimos cinquenta anos, a pergunta, aflita e esperançosa, que se faz é: acabaram com a crase?

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Quando Ismália enlouqueceu, uma prima feiosa e despeitada comentou: antes ela do que eu.

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Aqueles que enaltecem a velhice e depreciam a juventude precisam ter certa desfaçatez ou idade bastante para isso.
Raul Drewnick

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