Os terríveis moleques da Praça perceberam a confusão. Chuí, o principal deles, resolve intervir. Vai para o meio do asfalto, começa a acenar aos motoristas.
Que passassem! Livre estava o trânsito para a direita.
– Podem vir! Não estou brincando! É verdade…
Hesitaram alguns a princípio. Depois romperam. Outros os seguiram.
Chuí, imponente, estende os braços para a rua principal. Os motoristas enfim acreditam nele. E a imensa massa de veículos – cadilaques, oldsmobiles, buíques, fordes e chevrolés – desfilam ao comando único do pequeno maltrapilho.
Em enérgico movimento, Chuí ordena aos carros que parem. Gira o corpo, estica o braço, e manda que sigam pela esquerda os da rua principal. No que é obedecido.
Passageiros e motoristas atiram moedas. Mas o improvisado inspetor, cônscio de suas responsabilidades, sabe que não pode abaixar-se para apanhá-las sem risco para o trânsito.
A noite descera depressa e os combustores não se acendiam.
Mais rubro na escuridão, o sinal vermelho tendo perdido a função de proibir, só confiavam os motoristas no braço infalível de Chuí.
A noite descera depressa e os combustores não se acendiam.
Mais rubro na escuridão, o sinal vermelho tendo perdido a função de proibir, só confiavam os motoristas no braço infalível de Chuí.
Quando, gritando de longe, a mãe do garoto o ameaçava com uma coça, aparece, uniformizado, um inspetor de verdade. Prende Chuí e o leva chorando para o Distrito.
– Nós apanhamos as moedas para você, gritam-lhe os companheiros.
Não eram as moedas que ele queria, oh! não era isso! O que Chuí queria era voltar ao tráfego, continuar submetendo aqueles carros enormes, poderosos, ao seu comando único, ao aceno do seu bracinho…
Aníbal Machado
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