Livros antigos e manuscritos de valor histórico — alguns datados do século XVI — foram atingidos pelas enchentes que devastaram a região da Emília-Romanha, no norte da Itália, nas últimas semanas. Em um esforço para tentar salvar os documentos, voluntários estão ajudando a levar o material que ficou submerso em bibliotecas das áreas mais afetadas, para a cidade de Cesena, onde será submetido a um processo de congelamento que poderá reduzir os danos, de acordo com o jornal britânico The Guardian.
Manuscritos atingidos pela enchente na Biblioteca Fabrizio Trisi, na Emília-Romanha |
A companhia Orogel, especializada em congelamento de alimentos, está cedendo os freezers industriais, onde os documentos vão ser dispostos em prateleiras e submetidos a temperaturas de -25ºC. O objetivo do congelamento é retirar o excesso de água dos livros para impedir que se deteriorem ainda mais, antes de secarem e, se possível, serem restaurados. Para funcionar, o congelamento deve ser feito o mais rápido possível.
— Normalmente usamos esse processo para as frutas maduras após a colheita, mas nunca pensei que esse procedimento rápido pudesse ser útil para nosso patrimônio histórico — disse o presidente da empresa, Bruno Piraccini à agência de notícias Ansa. O empresário esclareceu que recebeu o pedido de ajuda da biblioteca da cidade de Forlì.
Ao menos 13 pessoas morreram e 10 mil foram forçadas a deixar suas casas por causa das inundações, consideradas as piores em um século no país. O volume de chuva registrado em apenas 36 horas foi equivalente a seis meses de precipitação. Cerca de 5 mil pessoas precisaram ser resgatadas pela defesa civil italiana.
A primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, sobrevoaram a região, na quinta-feira, onde o patrimônio histórico foi bastante atingido. Pelo menos 75 monumentos, 12 bibliotecas e seis sítios arqueológicos foram afetados pela enchente, de acordo com o Guardian, que informou ainda que o governo vai destinar 6 milhões de euros (mais de 32 milhões de reais) para a recuperação do patrimônio.
— As operações para proteger o patrimônio histórico estão acontecendo desde quinta-feira — disse ao Guardian a subsecretária do Ministério da Cultura, Lucia Borgonzoni, que confirmou ainda que o governo busca armazéns para estocar o material recuperado.
Alguns dos documentos mais afetados estavam na biblioteca que fica no porão do seminário católico de San Benedetto, em Forlì e nos arquivos da mesma cidade. Também foram retirados livros antigos da Biblioteca Fabrizio Trisi, em Lugo. Todos foram levados para os freezers em Cesena. Outros livros ainda devem chegar de outras áreas atingidas da Emília-Romanha, informou o Guardian.
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