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A literatura brasileira e Dalton Trevisan moram na mesma cidade: Curitiba. Nas raras vezes em que ela e ele são vistos, estão sempre juntos.
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No dia em que finalmente a Academia lhe concedeu o Nobel, o velho escritor reconciliou-se com Deus e para celebrar o ato pediu ao Senhor que, assim que pudesse, lhe desse o bicampeonato.
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Dou graças à minha tristeza, que, sempre atenta, jamais me deixou ser como esses tipos capazes de se afogar em gargalhadas diante de um bufão imitador de passarinho.
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Andei falando em nome da Poesia. Prenderam-me aqui, desmascararam-me ali, surraram-me acolá. E onde me prenderam, e onde me desmascararam, e onde me surraram eu me declarei culpado, culpado, culpado. Teria sido feliz, mas não. Acusaram-me sempre de tudo. De farsa, de engodo, de trapaça. Mas jamais do pecado imortal da simonia.
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Eu era um menino e já sabia que, se tinha alguma vantagem sobre os outros, ela era a tristeza que me angustiava o peito e pedia algo mais que as lágrimas para expressar-se.
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Se eu precisasse confiar minha tristeza às mãos de alguém, escolheria as de Chopin.
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Sou um personagem sem vontade e sem coragem. Sou o rei dos poltrões. Se minha vida fosse uma peça de teatro e tivesse três atos, precisaria ter, pela lei das proporções, três mil trezentas e trinta e três omissões.
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É isso mesmo, pode crer. A vida é para os tolos e os felizes, enquanto assim eles puderem ser.
Raul Drewnick
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