segunda-feira, junho 30
Leitura modifica estrutura do cérebro
O hábito de ler diferentes tipos de obras
desenvolve uma alta conectividade no córtex temporal esquerdo. Segundo pesquisa,
ler muito pode mudar a estrutura cerebral
Estudos passados mostraram como cérebro se comporta durante a leitura.
Agora, os pesquisadores Gregory S. Berns, Kristina Blaine,
Michael J. Prietula e Brandon E. Pye quiseram entender se o hábito de ler pode trazer modificações mais
permanentes ao cérebro. Eles desenvolveram um processo de leitura com
estudantes da Emory University: um grupo misturou romances com livros relacionados
aos seus cursos, e o outro grupo leu somente estudos e obras acadêmicas.
Após
o fim da pesquisa, o resultado foi maior do que eles imaginavam. Os alunos que
criaram o hábito de ler diferentes tipos de obras desenvolveram uma alta
conectividade no córtex temporal esquerdo, área responsável pela assimilação da linguagem.
Isso significa que eles conseguiam compreender e processar o que estava escrito
de maneira mais rápida e completa do que pessoas que não possuíam o hábito de
ler.
Além disso, as conectividades do córtex
temporal esquerdo fazem com que o cérebro consiga conectar ideias (palavras)
com as sensações que elas representam. Ou seja: ao lerem a palavra “correr”, os
participantes que liam mais conseguiam sentir as sensações de uma corrida de
maneira mais eficaz do que os outros.
A conclusão que os pesquisadores chegaram
é que pessoas que possuem o hábito de ler conseguem sentir uma empatia maior com os personagens dos livros e, por isso, vivenciar uma experiência
mais forte com a leitura.
Amazon proibida de vender livros por preço mais baixo
Medida impede que empresas de comércio eletrônico ofereçam descontos acima de 5% e impõe restrições ao frete gratuito
O parlamento francês aprovou na semana
passada, com voto unânime no Senado, uma medida que proíbe os distribuidores de
livros em série, em particular a Amazon, de oferecer descontos que deixem os
preços das obras abaixo daqueles fixados para as livrarias no país. A emenda à
chamada lei Lang, de 1981, tem por objetivo impedir que Amazon ofereça desconto
de 5% e frete grátis aos seus clientes. Ela determina que os descontos aos
livros comercializados on-line não poderão superar 5% ou ser acompanhados de
outros benefícios. O texto prevê ainda que o frete apenas poderá ser gratuito
nas ocasiões em que as despesas com o envio do livro não superarem o
equivalente a 5% do valor do produto.
A internet é responsável por
aproximadamente 17% das vendas dos livros de literatura na França, sendo que a
Amazon detém 70% desta fatia. Segundo a Amazon, a medida aprovada nesta
quinta-feira é discriminatória para o consumidor on-line. A empresa
norte-americana informou que seu negócio é mais complementar do que concorrente
das livrarias, uma vez que a maioria das obras vendidas pela companhia não é
lançamento, mas títulos disponíveis em catálogos há meses ou até anos.
sábado, junho 28
Morada do espírito
"Não se pode formar uma biblioteca arbitrariamente, comprando livros por uma lista. Pode adquirir-se uma coleção de livros, mas não se terá assim uma biblioteca da mesma maneira que não a constituem também os livros à venda numa livraria. Uma biblioteca é um organismo que se desenvolve com a inteligência e o caráter de seu possuidor. É a morada do seu espírito. Mobilia-se a pouco e pouco, ao passo que sua vida mental se desenvolve"
Ricardo Le Gallienne
Da amizade do livro
"0 livro é o amigo da solidão, ele alimentao individualismo liberador. Na leiturasolitária, o homem que procura a si mesmo temalguma oportunidade dese encontrar"
Georges Duhamel (1884-1966)
sexta-feira, junho 27
Leitores e leitores
“Há leitores que, a vida inteira, se contentam com uma dúzia de livros e, entretanto, são autênticos leitores. Outros existem que devoram tudo e sabem discorrer sobre qualquer assunto. Entretanto, todo esse esforço de nada lhes serviu”
Hermann Hesse (1887-1962)
Recomenda-se: Leia em voz alta
A Academia Americana de Pediatria (AAP) recomendou
oficialmente que pediatras e formuladores de políticas públicas promovam a
leitura em voz alta para crianças diariamente. A medida, de acordo com a
associação, favorece a alfabetização precoce de crianças e deve ser feita desde
a primeira infância. A AAP está desenvolvendo um kit que vai dar dicas e
informações sobre a linguagem que enfatiza a fala, a leitura e a musicalidade
entre as crianças. Esses kits serão disponibilizados para 62 mil médicos associados
à AAP em todo País. A declaração é também um apelo para parcerias em todos os
níveis, inclusive recomenda o financiamento federal e estadual para livros
infantis.
Nossos presentes e suas qualidades
(De um cartaz de divulgação de livros publicado na Espanha)Por que os livros são admiráveis presentes
- Não murcham...
- Encerram mais sentimentos que um perfume...
- Com livros não corremos o risco de engordar...
- São de molde único...
- Possuem mais mensagens que umas meias...
- E são mais divertidos do que uma gravata
quinta-feira, junho 26
Ler e usufruir
“O que existe na realidade é uma enorme falta de hábito para a leitura. O homem moderno desaprendeu a ler. Ele encontra justificativa para não confessar a verdade. Ele não foi acostumado a ler, a encontrar nos livros não só um auxiliar fiel e permanente, mas aquele amigo que pode lhe fazer conhecer as terras mais distantes, os costumes mais estranhos e o coração de seu semelhante. E aí está o grande segredo. O homem de hoje não só não tem o hábito da leitura como, na maioria dos casos, não sabe ler, ou seja, não sabe usufruir daquilo tudo que um livro pode lhe dar”.
Míriam Mara Dantur de la Rocha Biasotti
no
artigo “O livro está morrendo?”, publicado
no Caderno de Sábado, Correio do
Povo – 15/03/1975
Querido Sherlock...
Interior e fachada do número 212B de Baker Street em Londres |
Todos os dias chegam cartas no número 221B de Baker Street de seguidores que pedem conselhos e fazem perguntas sobre a enigmática vida do detetive.
As cartas
continuam chegando pontualmente no número 221B de Baker Street. Perto de 700
todos os anos, dirigidas a Sherlock Holmes e pedindo uma resposta urgente.
Perguntam sobre as mulheres em sua vida, pela intrincada relação entre o amor e
o crime ou pela intrigante amizade com seu querido Watson. Querem saber como se
envolveu com a cocaína, que marca de tabaco usa em seu cachimbo e se é verdade
que uma vez feriu sua governanta, Mrs. Hudson, enquanto limpava o revólver.
Pedem que resolva de uma vez por todas o caso de Jack O Estripador, que socorra
um cachorrão aparentado com o dos Baskerville, ou que resolva o misterioso caso
do triângulo das Bermudas, e que acabe de vez com a corrida armamentista.
Sua secretária
insiste em que o senhor Holmes se afastou há tempos do trabalho e que desfruta
da aposentadoria em Sussex, mas os leitores implacáveis das quatro novelas e
dos 56 relatos que completam o “cânone holmesiano” (publicados entre os anos de
1887 e 1926) querem saber de tudo...
"Querido Sherlock Holmes, estou interessado em saber se além do 221B de Baker Street há um 221A, e se assim for se há algum apartamento vazio. Estou pensando em ficar temporariamente em Londres e não posso pensar em melhor endereço. Muito cordialmente, John Rutherford"
O número 221B de
Baker Street só existia na imaginação de Arthur Conan Doyle. O oftalmologista
escocês já havia posto ali seu herói, antes de sua transferência para
Londres, quando ocupava um consultório médico em que não entrava ninguém. Para
Conan Doyle, as aventuras de Sherlock Holmes foram uma maneira de combater o
tédio enquanto perseguia a glória literária com novelões históricos que ninguém
lia. No final, sua lembrança está ligada a esse endereço fictício no bairro de
Marylebone, repleto de consultórios vazios como o seu. Baker Street terminava
então no número 100, e assim foi até 1932 (dois anos depois da morte do
escritor) quando a rua se estendeu até Regents Park e atingiu o número
fatídico.
A Abbey National
Building Society ocupou o imóvel situado entre os números 219 e 229. Assim se
resolveu finalmente o dilema em que se encontravam os carteiros, que não sabiam
onde entregar as cartas dirigidas ao 221B. A avalanche do correio era tal que a
Abbey National decidiu liberar sucessivamente seus empregados na qualidade de
secretários de Sherlock Holmes para atender a correspondência. A última a
desempenhar o papel foi Sue Brown, que ajudou a recopilar “Cartas a Sherlock
Holmes, um clássico da editora Penguin desde a primeira edição em 1985.
quarta-feira, junho 25
Seremos promíscuos na leitura?
“O homem moderno é mais amplamente lido, porém também é mais confuso, mais perplexo, e em conjunto sabe menos o que pensar do mundo que o cerca. Nem sequer sabe o que ler, simplesmente porque tem muito o que ler, e acaba em geral por ler mais promiscuamente que o letrado medieval antes do tempo de Gutemberg”
Lin Yutang
Não maltrate o livro
Criança! Não jogue esse livro por aí;Prive-se do prazer perversoDe recortar todas as figuras!Preserve-as como seu tesouro mais preciosoJoseph Hilaire Pierre René Belloc (1870/1953)
Livro trata da arte da cozinha brasileira
São mais de 3 mil verbetes de dialetos indígenas, africanos e documentos raros
Um dicionário
singular, e não apenas por abarcar exclusivamente termos empregados na cozinha
brasileira. Parte de seus mais de 3 mil verbetes sequer consta dos dicionários
regulares da língua portuguesa, algo que, em si, o torna relevante para a
história da cultura nacional. Várias dessas palavras foram pinçadas em dialetos
indígenas e africanos e em documentos bibliográficos hoje raros, tarefa
iniciada por Leonardo Arroyo nos anos 1960.
Recentemente, a
pesquisadora Rosa Belluzzo incumbiu-se de revisar e complementar o trabalho de
Arroyo, tarefa em que despendeu quatro anos: “Procurei arrematar definições
incompletas, incorporar palavras que à época não eram usuais, acrescer novos sentidos
para termos já utilizados; meu objetivo, enfim, foi revisitar o léxico
compilado por Arroyo, preservando seu conteúdo, mas não descurando o presente e
a própria dinâmica transformadora da língua e da cultura”.
Arroyo e Belluzzo
expõem a evolução do vocabulário da culinária nacional, enfatizando suas
particularidades, curiosidades e suas três principais matrizes culturais principais
– europeia, africana e indígena. Como resultado, trazem à luz um rico e
diversificado leque de expressões e da terminologia empregada na cozinha em
todo o país.terça-feira, junho 24
Pensamento de alfarrabista
Um sebo é
como um decantador do livro. Quantas glórias passam pelas mãos do livreiro!
Valem bem pouco em livro como valeram em vida. Parecem mesmo
confirmar o dito de que toda glória é fugaz. Aquele, que foi sucesso fabricado
pelos editores, abusou de um tempo de glória ligeira de alguns dias na lista
dos dez mais. Agora vive seu ostracismo. Se for lembrado, algum dia, pode
deixar vaga na prateleira. Mas é certo que voltará. Os editores aplicam
dinheiro na divulgação, conquistam espaços em suplementos dos jornais, podem
até mesmo ser presenteados com a citação de um artista ou, quem sabe, aparecer
numa novela de televisão na mão da atriz do momento. O merchandising produz
milagres. Mas são temporários. Lembra muito mais um espetáculo de ilusionismo.
E o livro segue para o sebo – alguns títulos vão em cambulhada. Se
escapar da banca de saldos, que é onde o livreiro tem retorno rápido, a maioria
vai mesmo para o papeleiro.
Não acontece
isso com os que hoje são clássicos. Pode parecer saudosismo ou leitura de
velho. Acontece que cada vez mais se empulha o leitor com cada porcaria de se
lastimar. As obras que sobrevivem vão ser venda certa em qualquer época.
Garantem fama com os anos; são procuradas em qualquer edição. Não vendem como
best-seller, mas saem regularmente da prateleira para o leitor.
É uma outra
lição que o convívio com a livralhada vai ensinando. Não adianta se fabricar
sucesso. São necessários os anos para decantar o livro. É com o tempo que se
confirma o escrito. Se valem hoje é que eram bons também ontem. O tempo é que
não era para eles. Mas como o vinho, os velhos autores são os mais saboreados,
e têm um gosto! Talvez até pode se citar o ditado: “O que é bom já nasce feito”
.
Lendo mal
Uma análise sobre o novo espaço público
Organizado pelos professores da ECA – USP, Mauro Wilton de
Sousa e Elizabeth Saad Corrêa, professores da Escola de Comunicação e Artes da
USP, são os organizadores de “Mutações no espaço público contemporâneo”, lançamento
da Paulus, que reúne o pensamento de diferentes autores e seus olhares sobre a
sociedade atual e as relações que nela vivenciamos. Segundo os autores, é
impossível não refletirmos sobre o modo como nos comunicamos hoje e
principalmente sobre este novo “local”, a arena coletiva de discussões, trocas,
diálogos e manifestações, um lugar atemporal, híbrido, que agrega a praça
pública, o ciberespaço, e também a casa, os amigos, a escola e os diversos
pontos de encontro. Isso porque vivemos em tempo de mídias digitais, redes
sociais, meios compartilhados, entre tantas possibilidades de comunicação que
temos disponíveis ao simples toque da multiplicidade de telas que nos cercam.
O livro oferece também uma discussão sobre o próprio
conceito de espaço público e compreensão das identidades coletivas e a inserção
social. O papel da mídia nesta arena híbrida é apresentado e aprofundado em
diferentes abordagens; e traz uma visão do espaço público configurado pelos
meios digitais.
segunda-feira, junho 23
Jantar solitário
"Filmes têm diferentes receitas para grandes sopas, servidas para 300, 400 pessoas por vez. Um livro é um jantar solitário"
Michael Ondaatje
E o filme virou livro
O cineasta francês Jacques Tati (1907-1982) realizou em 1958 aquele que seria um cult: “Meu Tio”, com o próprio Tati interpretando monsieur Hulot, o personagem sem falas e com um inseparável cachimbo na boca. O filme acabou em livro escrito pelo escritor e roteirista francês por Jean-Claude Carrière, colaborador de quase todos os filmes de Luis Buñuel.
sábado, junho 21
Imagem do Dia
Moça lendo
Benedito Calixto de Jesus ( 1853/1927) foi um dos quatro grandes pintores paulistas. Desenhista, professor, historiador e mesmo astrônomo amador
Projeção internacional da cultura brasileira
A política cultural do Estado brasileiro é, para usar um
adjetivo caridoso, simplesmente insuficiente. Os números e a estrutura
disponível para suas ações demonstram isso e a comparação com outros países
chega a ser humilhante. A pretensão de assumir um papel mais relevante através
de mecanismos de “soft power” fica assim comprometida. O caso de Portugal é
exemplar. O PIB de Portugal, em 2012, foi de US$ 228.872 milhões e o do Brasil
de US$ 2.350.889 milhões. Ou seja, o de Portugal é menos de 10% do PIB
brasileiro. Por isso mesmo, comparar os 785 pontos de ação do Instituto
Camões com o que o Brasil apresenta em termos de ações continuadas denota
simplesmente que nosso país pensa pequeno e age pequeno em termos de política
externa na área da cultura. Uma comparação dessas desmerece totalmente o
discurso sobre a importância da projeção internacional do Brasil. E o que isso
afeta o mercado do livro?
Por conta das deficiências da diplomacia cultural
brasileira, o apoio às iniciativas – pessoais e institucionais – que procurem
suplementar as debilidades da diplomacia devem ser apoiados, pelo menos com
competência, sem discriminação e com eficiência. Os autores brasileiros vêm
sendo cada vez mais chamados para eventos internacionais, seja por suas
editoras estrangeiras, seja por vários tipos de instituições. A maioria
estrangeira, que paga os custos das viagens e da presença dos autores.
sexta-feira, junho 20
Prejuízo do culto à telinha
“Quando se reprova os adolescentes que não lêem livros ou jornais, deve-se recordar que quem elege os bens culturais em casa são os adultos. E são eles que dão prioridade às telas como a televisão e o computador”
Roxana Morduchowicz en "Los
chicos y las pantallas"
Salvação está nos livros
Há 30 anos, o poeta iraquiano Salah Niazi começou a traduzir
a obra-prima de James Joyce, "Ulysses", para o árabe. Corria o ano de 1984 e
a guerra Irã-Iraque já completava quatro anos. Horrorizado com o que acontecia
no seu país, o poeta decidiu encarar a empreitada como uma forma de distraí-lo
do sofrimento. Ele contou a sua história ao canal inglês Channel 4: “Eu estava
protegendo a minha saúde das notícias da guerra no Iraque. Eu não podia
suportar assistir televisão dia e noite. Muitos amigos meus, iraquianos
exilados na Europa, sofreram ataques cardíacos”, disse Niazi.
A lição das árvores
Mostrar para as crianças e adultos que as árvores, com suas
belezas e diferenças, também podem nos ensinar um pouco sobre nós mesmos é a
proposta do livro “A Lição das Árvores” (Editora DSOP), de Roberto
Parmeggiani, com ilustrações de Attilio Palumbo. A obra foi lançada inicialmente
na Itália, onde conquistou grande sucesso e que recentemente recebeu o selo
Melhores Livros da CRESCER.
O livro conversa com o clássico "Á Árvore Generosa", de Shell
Silverstein. Ela brota do mesmo imaginário onde floresceu a fábula de uma
árvore que falava com seu melhor amigo ensinado a ele a generosidade, o
desapego e a amizade que nada quer em troca. Na obra brasileira, o menino
Enrico conta com o professor Dino, eterno interlocutor da infância, para
compreender o que lhe escapa. Recorrendo à natureza, como faziam os antigos
filósofos, o professor desperta o olhar do menino para a beleza da diversidade
e a riqueza da convivência com o outro, igual ou diferente de nós.
quinta-feira, junho 19
Leiloado livro do prisioneiro Wilde
A 1ª edição de “A importância de se chamar Ernesto”,
de Oscar Wilde (1854-1900), que o autor dedicou ao diretor da prisão onde
estava confinado, foi vendido nesta quarta-feira num leilão da Bonhams em
Londres por 55 mil dólares, pouco mais de R$ 110 mil. Wilde presenteou, em 1899, James Nelson, diretor da penitenciária de Reading, no sul da Inglaterra, onde
esteve preso por “indecência grave e sodomia”, porque o diretor permitiu que o
escritor voltasse a ler e a escrever – estava redigindo “De Profundis” - em seu
segundo ano de prisão.
“Ao diretor Nelson: do autor. Um reconhecimento trivial por
sua magnífica e nobre amabilidade. Fevereiro 99”, escreveu o autor irlandês. O
livro, com o nº 13 das 100 cópias publicadas, foi o último trabalho de Wilde
antes de ser condenado em maio de 1895.
Novos inéditos de Neruda saem do arquivo
Mais de 20 poemas inéditos de Pablo Neruda apareceram durante
uma revista entre as caixas dos arquivos da Fundação Pablo Neruda em Santigo. A
descoberta foi anunciada pela editora Seix Barral que acrescentou que os novos
textos devem aparecer em livro entre outubro e novembro. Os poemas, todos
posteriores a 1950, depois da publicação de “Canto Geral”, seguem até os
últimos dias de vida do poeta.
Matilde e Neruda em Isla Negra |
Segundo nota da editora, os poemas demonstram “o poderio
imaginativo, a transbordante plenitude expressiva e o mesmo dom, a paixão
erótica e amatória. É o Neruda de “Odes elementais”, o Neruda de “Barcarola”, o
de “Memorial de Isla Negra”. A nota também divulga um fragmento de um dos
poemas datado de 1964.
"Reposa tu pura cadera y el arco de flechas mojadasextiende en la noche los pétalos que forman tu formaque suban tus piernas de arcilla el silencio y su clara escalerapeldaño a peldaño volando conmigo en el sueñoyo siento que asciendes entonces al árbol sombrío que canta en la sombraOscura es la noche del mundo sin ti amada mía,y apenas diviso el origen, apenas comprendo el idioma,con dificultades descifro las hojas de los eucaliptos."
Pablo Neruda
quarta-feira, junho 18
Ssniiiifff
"Eu, por exemplo, gosto do cheiro dos livros. Gosto de interromper a leitura num trecho especialmente bonito e encostá-lo contra o peito, fechado, enquanto penso no que foi lido. Depois reabro e continuo a viagem. (…) Gosto do barulho das paginas sendo folheadas. Gosto das marcas de velhice que o livro vai ganhando: (…) a lombada descascando, o volume ficando meio ondulado com o manuseio. Tem gente que diz que uma casa sem cortinas é uma casa nua. Eu penso o mesmo de uma casa sem livros.”
Marta Medeiros
Os jovens fazem a festa
Com a proximidade do Verão na Europa, a cidade italiana de
Rimini reúne desde 2008 jovens entre 11 e 18 anos, apaixonados pela leitura
para o festival “Um mar de livros”, que se encerrou no último fim de semana. Por
iniciativa de livreiros e com apoio municipal, os jovens ficam encarregados de
organizar o evento, que não tem o caráter de feira ou de exibição de obras para
a venda, mas intercâmbio entre os jovens. São os próprios adolescentes que
decidem sobre os escritores convidados, participam das entrevistas e organizam
as atividades em que o livro é abordado pela mídia.
Uma seção do festival exibe pequenos audiovisuais em que os
leitores apresentam seus livros favoritos. Na parte eletrônica são os jovens
que recomendam as leituras e cada um sugere uma obra e ainda acrescenta a que
tipo de leitor é recomendada.
terça-feira, junho 17
Livros 'esquecidos' em depósito de Madri
No total, a rede de bibliotecas municipais de Madri tem 1,2 milhão de volumes (perto de 40 mil em cada um dos centros) e 7 milhões de usuários
Centenas de caixas repletas de livros se empilham em um
depósito municipal há meses com novidades editoriais que já deveriam ter sido
distribuídas às 30 bibliotecas que administra a Prefeitura de Madri, mas
ficaram guardadas pro problemas administrativos.
O atraso afetou particularmente os títulos de ficção e de
literatura infantil, cuja última remessa chegou aos centros municipais em 2012.
No ano passado, um conflito judicial atrasou o repasse às
bibliotecas de grande parte desses livros. Apenas dias depois que foi
solucionado, já em dezembro, expirou o contrato com a empresa que se encarregou
da distribuição, e assim 5.250 volumes ficaram empilhados em caixas num armazém
da Unidade Central Bibliotecas Públicas.
A vida em comum, segundo Todorov
Em “A vida em comum: ensaios de antropologia geral” (Editora
Unesp, R$42, 223 páginas), que integra a Coleção Todorov, o filósofo búlgaro
percorre um único domínio do vasto campo da Antropologia para estudar o ser
humano a partir de um ângulo incomum. Tzvetan Todorov busca compreender não o
lugar que o homem ocupa na sociedade, mas, ao contrário, o lugar que a
sociedade ocupa no homem: "Em que consiste, para o indivíduo, a exigência
de conhecer apenas uma vida em comum?".
Todorov almeja melhor compreensão do objetivo da existência humana. E demonstra que é preciso ir além do que se percebe a partir de concepções correntes (e antagônicas), carregadas de conceitos antropológicos subjacentes. Tais concepções induzem a pensar que o objetivo da existência humana é o desenvolvimento do indivíduo, a realização de si ou o progresso da sociedade, ainda que este implique em sacrifício de certas vantagens do indivíduo.
Interessado especialmente em Rousseau - para quem a vida em
sociedade é uma vocação humana, embora, em aparente contradição, ele vivesse
solitário -, Todorov dialoga nesta obra com pensadores de várias épocas, como
Montaigne, Kant, Nietzsche, La Rochefoucauld e Freud. Ele recorre ainda,
"mais do que habitualmente", à literatura: "As verdades
desagradáveis - para o gênero humano ao qual pertencemos, ou para nós mesmos -
têm maiores possibilidades de conseguir exprimir-se em uma obra literária do
que em uma obra filosófica ou científica".Todorov almeja melhor compreensão do objetivo da existência humana. E demonstra que é preciso ir além do que se percebe a partir de concepções correntes (e antagônicas), carregadas de conceitos antropológicos subjacentes. Tais concepções induzem a pensar que o objetivo da existência humana é o desenvolvimento do indivíduo, a realização de si ou o progresso da sociedade, ainda que este implique em sacrifício de certas vantagens do indivíduo.
"A existência humana não está ameaçada pelo isolamento, pois este é impossível; ela está ameaçada por algumas formas de comunicação, empobrecedoras e alienadoras, e também pelas representações individualistas desta existência, que nos fazem viver tragicamente, o que é a própria condição humana: nossa incompletude original e a necessidade que temos dos outros."
segunda-feira, junho 16
Merece
TRIBUTO AO LIVRO
(poeminha do prazer)
O sumo prazer humano
Sente o ser que é seduzido
Não apenas pela leitura
Mas, sobretudo, pelo livro
Porque o livro é o corpo
E a leitura, o espírito...
Bruno Bezerra
Um encontro agradável
“Então eu vi uma pequena loja castigada pelo tempo, pousada
sobre um declive tão abrupto que parecia em perigo iminente de escorregar e
cair no rio Hudson, com uma placa azul desbotada sobre a porta que dizia
LIVRARIA. No interior havia uma mesa em mau estado de conservação, um labirinto
de estantes fora de prumo, enxurradas de poeira e trezentos mil livro usados.
Sete horas depois, saímos da livraria Riverrun carregando
oito quilos e meio de livros. (Pesei-os quando cheguei em casa).
Anne Fadiman, Ex-Libris
sexta-feira, junho 13
Livros na praia em Portugal
Vitorino Nemésio é a grande figura da cidade |
A Câmara Municipal da Praia da Vitória, cidade de pouco mais
de 6.600 habitantes, nos Açores, vai promover a leitura em espaços públicos,
este verão, disponibilizando cerca de 2 mil livros para requisição em zonas
balneárias e edifícios no centro da cidade. A ideia de transformar a Praia da
Vitória numa "cidade dos livros" partiu do escritor Joel Neto,
natural da ilha Terceira, num ciclo de debates promovido pela autarquia em
2013.
Recriar numa cidade pequena um projeto encontrado em outras cidades do norte da Europa, tem como base a "maior figura" da Praia da Vitória ser o escritor Vitorino Nemésio (1901/1978), que ali nasceu.
A Prefeitura começou por aumentar o acervo da biblioteca municipal, localizada na Casa das Tias de Vitorino Nemésio, contando com a doação de livros de várias entidades, num total contabilizado até agora de 1.300 exemplares. No entanto, o objetivo é promover a leitura também fora da biblioteca e, nesse sentido, serão disponibilizados cerca de 2 mil livros, a partir de junho, pelas zonas balneárias e por quatro edifícios públicos.
Recriar numa cidade pequena um projeto encontrado em outras cidades do norte da Europa, tem como base a "maior figura" da Praia da Vitória ser o escritor Vitorino Nemésio (1901/1978), que ali nasceu.
A Prefeitura começou por aumentar o acervo da biblioteca municipal, localizada na Casa das Tias de Vitorino Nemésio, contando com a doação de livros de várias entidades, num total contabilizado até agora de 1.300 exemplares. No entanto, o objetivo é promover a leitura também fora da biblioteca e, nesse sentido, serão disponibilizados cerca de 2 mil livros, a partir de junho, pelas zonas balneárias e por quatro edifícios públicos.
Gonzagão para jovens
“Sou apaixonada por Luiz Gonzaga desde criança. Por
influência de meu pai, sempre gostei de músicas que contam histórias
e Gonzagão sabia fazer isso como ninguém. As histórias nos ajudam a
guardar nossa melhor memória”, conta Dílvia Ludvichak que junto com a
ilustradora Simone Matias, escreveu “Luiz Lua, Gonzaga Estrela, o Rei do Baião”,
obra que será lançada pela editora Paulus na 23ª Bienal Internacional do
Livro de São Paulo, em agosto.
A obra, que aproxima o jovem leitor da vida de um dos mais
importantes compositores brasileiros, é composta de versos e ricas ilustrações
que retratam, com criatividade, toda a história do Rei do Baião. Desenhadas a
lápis e pintadas com tinta acrílica, mostram Exu, cidade pernambucana, onde Luiz Gonzaga do
Nascimento nasceu, paisagens da cidade,
personagens, instrumentos musicais e roupas do cantor.
quinta-feira, junho 12
Rato de sebo
"Bookworm" (1926)
Norman Rockwell. (1894/1978), pintor e ilustrador norte-americano
muito popular com 323 capas para a revista
The Saturday Evening Post
O professor, o juiz e os livros
Quando era estagiário em um escritório de advocacia, no
início dos anos 1960, o jovem Eros Grau achou um livro precioso no sebo Gaze,
que foi por décadas o mais completo de São Paulo. Ao retirá-lo da estante,
emocionadas e exclamou um longo “Ooolha”, chamando a atenção de um senhor ao
lado. “O que é isso, rapaz?” “É um livro que me interessa”, respondeu Eros.
“Por que isso pode te interessar? É um livro velho, sem significado nenhum”,
continuou o senhor, visivelmente empenhado em tomar o volume para si. “Como
assim?! Esse é um livro de Aureliano Leite sobre o movimento de 1932” , retrucou um enfático
Eros, procurando mostrar que conhecia a obra e seu autor. “E você sabe lá quem
foi Aureliano Leite?!” “Sei perfeitamente. O filho dele é muito amigo de meu pai
e esse é um livro de grande significado para montar os fatos históricos da
Revolução de 1932” ,
continuou Eros. “Então, me dê esse livro!”, insistiu o senhor, para um
interlocutor surpreso. Eros recuou, segurando o livro apertado contra o peito,
enquanto o outro voltava à carga: “Estou pedindo que me empreste o livro!”
Eros recorreu ao dono do sebo, que lhe fez um sinal com a
cabeça, sugerindo que cedesse. Na iminência de perder o “achado”, obedeceu. O
senhor abriu o livro com ar de satisfação, pegou uma caneta e perguntou como
Eros se chamava. Escreveu: “Esse livro pertence a Eros Roberto Grau, a quem
deixo meu abraço fraterno. Aureliano Leite”.
"O leitor vive milhares de vidas antes de morrer, disse Jojen. O homem que nunca leu vive apenas uma"
George R. R. Martin, “Dança com dragões”
Antiqualhas em foto e fato
Biblioteca móvel em Staten Island (EUA) em 1920 |
O jornal Diário de Pernambuco anunciava, no dia 10 de março
de 1877, um “grande e suntuoso leilão” no Recife. Segundo o jornal, “dos mais
ricos móveis que até hoje têm vindo a esta província” seriam leiloados na
“segunda-feira, dia 12 do corrente na chácara da Cruz das Almas, onde residiu o
finado comendador Tasso”. O anúncio serve para se conhecer o que compunha uma
biblioteca particular na segunda metade do século XIX. Na sala da biblioteca,
são encontrados uma quartinheira de amarelo, 1 lavatório de mogno com
pedra, 1 mesa de amarelo, 2 ricas estantes de carvalho para livros, 6
cadeiras de guarnição da mesma madeira, 1 secretária de jacarandá, 1 mesa
quadra, 3 quadros, sendo 1 grande e com moldura dourada, 1 legislação
brasileira e muitas outras obras de direito e literatura.
(“Diário de Pernambuco – Arte e natureza no 2° Reinado”, de
José Antonio Gonsalves de Mello)
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