Uma exposição no Museu de Belas Artes de Bruxelas, que fica aberta até 22 de fevereiro, reúne pela primeira vez alguns dos manuscritos históricos de Timbuktu, salvos em um arriscada operação sem precedentes de serem destruídos por rebeldes fundamentalistas islâmicos. A importância histórica dos documentos levou a Unesco a declará-los patrimônio mundial da humanidade em 1988. A exposição, proposta pelo ministério da Cultura do Mali, reúne 16 dos manuscritos considerados mais representativos da coleção, acompanhados de tradução e contextualização.
Entre os textos, escritos em árabe e tamasheq (o idioma tuaregue), estão tratados medicinais, estudos do Corão, poesias, fórmulas matemáticas, descrições de batalhas protagonizadas por exércitos medievais. Os mais antigos datam do século 11, quando Timbuktu era o epicentro espiritual, cultural e comercial do oeste africano. "Esses manuscritos revelam a complexa sociedade que havia em Timbuktu e mostram um discurso de tolerância. Por isso achamos importante realizar a exposição, principalmente no atual contexto mundial", explicou Brasil Kathleen Louw, diretora de projetos africanos no Bozar e organizadora da exposição Timbuktu Renaissance.
A preservação se deve ao empenho de Abdel Kader Haidara, diretor da biblioteca Mamma Haidara, fundada por seu pai e uma das 32 instituições guardiãs dos 350 mil manuscritos de Timbuktu. Meses depois de milícias extremistas tomarem o controle da mítica cidade ao norte do Mali, em 2012, Haidara decidiu transferir os principais manuscritos à capital, Bamako, escondidos em cofres de metal usados habitualmente na região para o transporte de todo tipo de produtos, uma operação delicada devido à fragilidade e ao estado de conservação dos documentos.
A operação representava um enorme risco para as pessoas que aceitaram colaborar com a operação, na maior parte familiares dos administradores das bibliotecas locais. Se descobertos pelos rebeldes, eles poderiam ser acusados de roubo e ter mãos ou pés amputados ou mesmo ser assassinados, de acordo com a sharia, a lei islâmica instaurada pelos novos administradores da cidade.
A viagem de Timbuktu a Bamako, separadas por cerca de mil quilômetros de estradas inóspitas, foi outro desafio. Mohammed Touré, sobrinho de Haidara, que realizou a primeira transferência, demorou uma semana para completar o percurso. Quando os rebeldes islâmicos bloquearam todas as estradas em direção ao sul do país, Haidara passou a enviar as caixas com manuscritos em canoas pelo rio Niger, um meio de transporte bastante comum na região, mas que leva uma semana entre Timbuktu e Bamako.
A preservação se deve ao empenho de Abdel Kader Haidara, diretor da biblioteca Mamma Haidara, fundada por seu pai e uma das 32 instituições guardiãs dos 350 mil manuscritos de Timbuktu. Meses depois de milícias extremistas tomarem o controle da mítica cidade ao norte do Mali, em 2012, Haidara decidiu transferir os principais manuscritos à capital, Bamako, escondidos em cofres de metal usados habitualmente na região para o transporte de todo tipo de produtos, uma operação delicada devido à fragilidade e ao estado de conservação dos documentos.
A operação representava um enorme risco para as pessoas que aceitaram colaborar com a operação, na maior parte familiares dos administradores das bibliotecas locais. Se descobertos pelos rebeldes, eles poderiam ser acusados de roubo e ter mãos ou pés amputados ou mesmo ser assassinados, de acordo com a sharia, a lei islâmica instaurada pelos novos administradores da cidade.
A viagem de Timbuktu a Bamako, separadas por cerca de mil quilômetros de estradas inóspitas, foi outro desafio. Mohammed Touré, sobrinho de Haidara, que realizou a primeira transferência, demorou uma semana para completar o percurso. Quando os rebeldes islâmicos bloquearam todas as estradas em direção ao sul do país, Haidara passou a enviar as caixas com manuscritos em canoas pelo rio Niger, um meio de transporte bastante comum na região, mas que leva uma semana entre Timbuktu e Bamako.
Nenhum comentário:
Postar um comentário