A erupção submeteu o pergaminho à temperaturas de 320º e qualquer tentativa de desenrolá-lo o romperia |
No dia 24 de agosto do século I da era cristã, uma tremenda erupção do Vesúvio enterrou, sob toneladas de rochas vulcânicas e cinzas, várias cidades romanas como Pompéia e Herculano. A tragédia, entretanto, serviu para conservar algumas das maravilhas do Império Romano, como os afrescos dos palácios de Pompéia. No século XVIII, foi também descoberta a Villa dei Papiri, como foi denominada.
Na encosta do vulcão, em um povoado que havia pertencido ao sogro de Júlio César, quase 1.800 rolos de papiro foram encontrados debaixo de metros de cinzas solidificada. Somente alguns puderam ser desenrolados. A grande maioria dos papiros esperou, carbonizada, que a tecnologia permitisse lê-los sem destruí-los.
É o que, pelo menos em parte, um grupo de pesquisadores italianos e franceses conseguiu. A tarefa não era simples. O papiro, o material vegetal de que os pergaminhos são feitos, teve se suportar o castigo de uma onda de fogo de 320º, ficando enegrecido e compactado. Para complicar, os escribas usavam carvão vegetal para transcrever os textos. Assim, era negro sobre negro.
“A tinta à base de carvão não penetra nas fibras do papiro, mas fica agarrada sobre elas”, explicam os pesquisadores em seu trabalho, publicado pela revista Nature Communications. Esse detalhe foi fundamental para o sucesso de sua pesquisa. O texto escrito em um pergaminho fica em relevo. Somente poucos micrômetros (a milionésima parte de um metro), mas suficientes para, com a tecnologia apropriada, diferenciar entre o carvão da escrita e o carvão do papiro chamuscado.
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